
O s papéis de gênero em uma sociedade heteronormativa, as desigualdades sociais e o racismo estrutural, inclusive dentro do movimento LGBT. Os temas, que seguem atuais, integram a obra do romancista, dramaturgo e ensaísta afro-americano James Baldwin. Considerado como um dos grandes críticos do sonho americano e um dos maiores autores do século XX, o intelectual terá sua vida e obra celebradas em uma série de ações artísticas em São Paulo dentro da programação do ‘Panorama Baldwin: Tinta Preta para Escrever sobre um Mundo Esbranquiçado’. A mostra com exibições de filmes acontece de 14 de junho a 1º de outubro de 2023 e integra clubes de leitura, debates e a estreia de um espetáculo teatral.
Idealizado pelo ator e bailarino Fernando Vitor, a programação tem início nesta quarta-feira (14), na Vila Itororó, com a exibição do filme ‘Se a Rua Beale Falasse’ (2018, dir. Barry Jenkins). No mesmo local será apresentado, no próximo dia 21, o longa ‘Eu não Sou Seu Negro’ (2016, dir. Raoul Peck). Os ingressos são gratuitos e podem ser adquiridos na bilheteria, com uma hora de antecedência ou no site da Sympla.
No mês de julho, a programação engloba uma leitura guiada do romance ‘O quarto de Giovanni’, com mediação do pesquisador Ronaldo Vitor da Silva. O clube de leitura acontecerá todas às segundas-feiras do mês, sempre das 19h às 20h30, na Biblioteca Mário de Andrade.
A programação culmina com a estreia e temporada de um espetáculo no Auditório da Biblioteca Mário de Andrade no período entre 21 e 4 de agosto. Já entre 14 de setembro e 1º de outubro, o espetáculo será apresentado na Sala Multimídia Arthur Azevedo.
Às vésperas do centenário de nascimento de Baldwin (1924-1987), a programação busca reforçar a importância do autor no debate de temas que seguem atuais.
“Baldwin foi neto de escravizados americanos e se tornou um dos escritores mais vendidos da época, com obras que confundiam sua história de vida com a documentação do contexto político americano. Foi consagrado como um dos símbolos dos direitos civis dos Estados Unidos e uma figura forte que é revisitada nos dias atuais justamente pelo legado que deixou em forma de romances, ensaios, peças e críticas”, destaca Fernando Vitor.
De acordo com ele, as múltiplas linguagens artísticas presentes no Panorama têm justamente o objetivo de apresentar as diversas facetas do romancista. “Vamos mostrar para o público muito do que foi produzido e cada pessoa pode seguir sua busca da especificidade que interessar mais, uma vez que nós como artistas também recebemos de forma distintas a produção do autor para criarmos nossas obras”, pondera.