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criogenia de D. ou manifesto pelos prazeres perdidos, de Leonardo Valente (Mondrongo) é narrado em primeira pessoa por alguém que se mostra e se esconde a todo momento. Alguém que ora se revela do gênero feminino, ora masculino. Muitas outras vezes sem gênero, sem identidade, sem identificação. Ao entrarmos nas páginas do romance, somos sugados por um tobogã de palavras que traduzem o sobe e desce dos sentimentos e emoções de D. O que acreditamos ser verdade, na frase seguinte não é mais.

            “Uma das coisas mais geniais é a oscilação de gênero de D., personagem que reflete sobre o caos terrível que atravessa transversalmente todos no mundo de hoje”, diz Maria Valéria Rezende sobre a obra. Redes sociais, curtidas, fake news, comentários nas postagens, tudo isso está presente na história, ao lado de referências como o russo Liev Tolstói e seu clássico Anna Karenina, Gustave Flaubert e sua personagem que ganhou vida própria, Emma Bovary, entre outras, como Hilda Hilst e a introspecção de Clarice Lispector.

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criogenia de D. ou manifesto pelos prazeres perdidos, de Leonardo Valente (Mondrongo, 127 págs.)