
Literatura
A Intrínseca publica em junho uma história sobre como a verdade pode ser a diferença determinante entre a vida e a morte. Em Arte da fuga, o jornalista e escritor Jonathan Freedland relata a jornada real de Rudolf Vrba, uma figura brilhante e inquieta que nos permitiu compreender os mecanismos do Holocausto.
Abril de 1944. Após viver e testemunhar imensuráveis sofrimentos, observar tentativas fracassadas de fuga e se preparar bastante, o adolescente Rudolf Vrba — que na época ainda se chamava Walter Rosenberg — tornou-se um dos primeiros judeus a escapar de Auschwitz e abrir caminho para a liberdade. Ao fim da guerra, ele teria sido um dos únicos a conseguir realizar tal façanha. Além de salvar a própria vida, o objetivo que o movia era revelar ao mundo a realidade sobre o campo de extermínio. Vrba pretendia alertar os últimos judeus da Europa sobre o destino que os esperava quando embarcassem no trem rumo ao “reassentamento”, convicto de que o conhecimento da verdade os salvaria.
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A origem do mundo (Patuá) é o nome do sexto livro de Matheus Arcaro, autor paulista, filósofo e artista plástico. A motivação que fez surgir a obra veio de um estudo da Universidade de Brasília (UnB), coordenado por Regina Dalcastagnè. Dados que o intrigaram Arcaro: o perfil médio dos escritores se assemelha à representação dos personagens nos romances brasileiros contemporâneos, eles são, em sua maioria, homens (62,1%) e heterossexuais (81%). As principais ocupações dos personagens masculinos são escritor (8,5%) e bandido ou contraventor (7%), as personagens femininas são donas de casa (25,1%). O lançamento acontece no dia 17 de junho, na livraria e bar Patuscada, às 17h.
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Autor de hits cravados definitivamente na musicografia brasileira, como La belle de jour, Tropicana, Bicho Maluco Beleza e Coração bobo, o pernambucano Alceu Valença (foto) anunciou pelas redes sociais, nesta terça-feira (13), o lançamento de Pelas ruas que andei – Uma biografia de Alceu Valença, assinada pelo jornalista Julio Moura. A obra é uma parceria da Relicário Produções Culturais e Editoriais com a Cepe Editora e já está em pré-venda, por valor promocional de R$ 40,00 para as primeiras cem unidades.
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Um crime choca os moradores de uma pequena cidade no interior do Brasil: uma mulher é queimada viva, em um ritual motivado por razões religiosas, a fim de purificar a vítima e endireitá-la para o “caminho do bem”. A violência parece ter se tornado parte da paisagem: desde que uma comunidade evangélica se instalou na região, episódios do tipo se tornaram cada vez mais comuns. Cabe então ao leitor juntar fragmentos, seguir as pistas e acompanhar os rastros de uma mulher que tenta organizar a narrativa desse trágico acontecimento – enquanto ela mesma tenta lidar com seus próprios traumas e a ausência de um grande amigo.
Em Caminhando com os mortos (Companhia das Letras), a premiada escritora Micheliny Verunschk constrói um romance inovador e assustadoramente atual, que demonstra como o ódio às mulheres e às minorias atravessa os séculos, sobretudo quando se vale do fanatismo religioso.
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Cinema
O filme “A Sindicalista” (La syndicaliste), protagonizado por Isabelle Huppert (“Elle”, “A Professora de Piano”), chega aos cinemas brasileiros em 29 de junho de 2023, com distribuição da Synapse Distribution. O longa, que entra em circulação comercial após ser exibido pela primeira vez no país no Festival Filmelier no Cinema, é co-escrito e dirigido por Jean-Paul Salomé.
Exibido na Seleção Oficial do Festival de Cannes, em 2022, o filme acompanha a história real de Maureen Kearney (Isabelle Huppert), uma representante sindical que denunciou acordos secretos e abalou a indústria nuclear francesa. Quando ela é violentamente agredida em casa, a investigação a transforma de vítima a suspeita.
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Teatro
Visto por mais de 400 mil pessoas, o espetáculo “Cássia Eller, o Musical” retorna a São Paulo, em agosto, para uma temporada de 15 apresentações no Teatro Opus Frei Caneca. A encenação destaca a carreira de uma das vozes mais marcantes da MPB. “Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher”. Os versos de Renato Russo que Cássia Eller cantou por tantos anos falam muito sobre a personalidade da artista, uma verdadeira fera nos palcos, mas que podia ser um bicho arredio fora dele.
Mulher de poucas palavras, cantora de infinitos sons e uma voz tamanha, doce e amiga na vida, foi forte e surpreendente na arte. Com menos de 40 anos de vida e 20 de carreira, Cássia Eller partiu no auge e deixou uma obra eterna.
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Arte
A Galeria Marília Razuk inaugura a exposição A cabeça de Jorginho, do artista Rafael Alonso, dia 17 de junho, sábado, a partir das 11h. A mostra, composta por aproximadamente 50 obras, traz um conjunto de intervenções na arquitetura da galeria, com pinturas realizadas diretamente sobre as paredes e cerca de 30 obras inéditas em tamanhos, formatos e com materiais variados.
Em comum, os trabalhos trazem cruzamentos entre alguns repertórios do campo da arte e visualidade mundana relacionada com o imaginário tropical, praiano e esportivo do Brasil.
O pensamento crítico que anima o trabalho de Rafael Alonso é incisivo e implica o humor. O título da exposição refere-se a um personagem criado pelo artista. O Jorginho mencionado ali é um pintor “jovem” e “inconsequente”, filho da Mãe Mercado e do Pai História. Mas o cara é mimado mesmo por sua Vovó Pintura, que o tempo todo lhe atende os caprichos e lhe oferece paparicos, como um delicioso bolo de paisagem invernal, com muita tinta cremosa, nas cores azul e branca. Jorginho gosta de adrenalina e velocidade, pilota moto, pratica jiu-jitsu e só faz aquilo de que gosta. Para ele, “não há moral, não há conflito, apenas flutuação”. Ué, alguém chamou isso de “arte contemporânea”?