D epois de passar por Franz Kafka, Gertrude Stein, Herman Melville e Louise Bourgeois, entre outros, Denise Stoklos se debruça agora sobre a obra do argentino Julio Cortázar, o segundo latino–americano – o primeiro foi Jorge Luis Borges – a fazer parte do seu repertório de encenações.

O novo espetáculo, “Vendo gritos e palavras – Um recital”, estreia no Sesc Consolação,  na sexta, dia 13. Para ela, a linguagem de Cortázar sugere às outras expressões (como o teatro) um mergulho muito inteiro, uma entrega aos vários níveis de sentido.

“A verbalidade do escritor Julio Cortázar, assume a frente, o puro conteúdo, a forma em si da apresentação. Neste espetáculo, a palavra é o tema, o formato, o recurso, a ênfase, por estender-se dos critérios do ‘teatro essencial’ em que a voz é quantitativa e qualitativamente de mesmo peso ao corpo, à memória, ao intelecto, e à intuição”, explica Stoklos.

Denise já pretendia fazer algo com a obra de Cortázar, cujo centenário foi comemorado em 2014. “Então fui convidada para fazer uma leitura em um evento e escolhi alguns contos e textos do autor. A identificação que já havia, cresceu em intensidade. Não consegui recusar o convite para viajar na liberdade de Cortázar.”

Primeiro espetáculo da artista em que o texto é elevado a protagonista, “Vendo gritos e palavras – Um recital” tem como fio condutor a palavra. “A contemporaneidade do mundo sociopolítico pede poesia constrangido por conceitos como do ‘Homo Sacer’ discutido por Agambem (em suas citações de Walter Benjamim, de Foucault, e mesclada ao pensador Slavoj Zizek). Mesmo na dúvida, se o teatro é realmente algo com potências, que nos acorde ao impasse, ao terror que estamos experimentando, e pelas sílabas e pronúncias e dicções e volumes de ar nos trespassassem e nos desloquem o que der e como puder!”, afirma Stoklos.

Nome de referência mundial no teatro contemporâneo, a paranaense Denise Stoklos completou 45 anos de carreira. Iniciou sua trajetória atuando em espetáculos sob direção de Ademar Guerra, Antunes Filho, Antonio Abujamra e Fauzi Arap, entre outros. Como autora, diretora e atriz, especializou-se em mímica em Londres, em 1979, onde em seguida desenvolveu seu primeiro solo: “Denise Stoklos – One Woman Show”.

Em 1987 criou o método Teatro Essencial, reconhecido pelo Massachussets Institute of Theatre (EUA). A partir dele desenvolveu espetáculos premiados e aclamados pela crítica no Brasil e no exterior, como “Mary Stuart”, “Des-Medeia”, “Calendário da Pedra” e “Louise Bourgeois”.

Serviço:

Estreia dia 13 de novembro, sexta-feira, às 21 horas, no Teatro Anchieta do Sesc Consolação. Sexta-feira e sábado às 21 horas e domingo às 18 horas.  R$ 40,00; R$ 20,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 12,00 (credencial plena). Até 13 de dezembro

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