A rosa do povo, de Carlos Drummond de Andrade (Companhia das Letras)
foi a única coisa que roubei na vida.
lá na
biblioteca do cursinho.
vai cair no vestibular, disseram.
eu precisava
passar no vestibular.
aluguei o livro. comecei a ler
ali mesmo, em pé,
depois caminhando
pelos poemas. quase morri
com a força daquilo
eu não sabia que a palavra era desse tamanho.
não consegui devolver a rosa.
Mal-entendido em Moscou, de Simone de Beauvoir (Record)
me impressionou muito o foco narrativo desse livro.
uma hora a contação está na boca da esposa
em outra está na boca do marido
e a gente vai dando razão um pouco para os dois
vai ficando em cima do muro
como um leitor-filho
no meio da briga dos pais.
Charlotte, de David Foenkinos (Bertrand Brasil)
o livro está todo grifado, dobrado, anotado. é o meu preferido.
o David conta de forma tocante e original
a história da pintora Charlotte Salomon
que morreu aos 26 anos
grávida
em um campo de concentração. Charlotte foi baseado no diário dela
Vida? Ou teatro?
uma publicação já esgotada
que eu gostaria muito de encontrar.
*
Aline Bei é jornalista e escritora, autora de O peso do pássaro morto (editora Nós)