Da redação *

Faltam cinco meses para o início do Festival Literário de Poços de Caldas (Flipoços), o maior e mais importante evento do gênero em Minas Gerais, que será realizado entre os dias 30 de abril e 8 de maio de 2016. A GSC Eventos especiais, empresa que criou e organiza o festival há 11 anos, já trabalha a todo vapor. “Organizar o Flipoços é como colocar uma escola de samba na avenida, no  Carnaval seguinte: assim que termina uma edição, já começamos a pensar na próxima”, diz Gisele Ferreira, diretora da GSC e parte do conselho editorial da São Paulo Review.

Com temática já definida – “De Camões a Machado de Assis: uma viagem pela literatura clássica” – o Flipoços 2016 propõe uma reflexão pautada no pensamento de celebridades das letras e de outros tipos de manifestações artísticas, como a música erudita e cinema, que influenciaram o mundo. Caso de escritores e também de compositores, como Mozart, Beethoven e Villa-Lobos, por exemplo. Afinal, apesar de o foco ser a literatura, o Flipoços se diferencia dos demais eventos afins por dar espaço a outros segmentos culturais, realizando atividades diversas por toda a cidade. “A ideia é atingirmos um público eclético em todas as faixas etárias, independentemente de gosto e classe social”, explica Gisele Ferreira.

Como ocorre todos os anos, o Flipoços homenageia uma livraria. A eleita de 2016 é a Lello e Irmão, fundada há mais de 134 anos, no Porto (Portugal). Em recente visita àquela cidade, o médico e escritor Rodrigo Falconi, curador do Flipoços, entregou, em mãos, o convite de homenagem a José Manuel Lello, proprietário do local. Considerada uma das mais lindas e antigas livrarias do mundo, a Lello e Irmão é um importante ponto turístico do Porto. Apesar dos avanços tecnológicos que permitiram a criação dos livros digitais, continua com o firme propósito de promover o livro impresso.

Talentos da escrita

À medida que o evento se aproxima, novos escritores confirmam presença no Flipoços 2016. Desembarcam na cidade para o festival, nomes estrelados da literatura, como Adriana Carranca, Socorro Acioli e Bianca Mól. Adriana, por exemplo, jornalista e escritora, é autora do livro infantil Malala, a menina que queria ir para escola (Companhia das Letrinhas).

A obra conta para os pequenos a história real, conhecida no mundo todo, da paquistanesa Malala Yousafzai, que foi baleada pelo Talibã, aos 14 anos, por defender a educação entre as meninas no país dela. Como escritora, Adriana foi finalista do prêmio Jabuti, o mais importante da literatura nacional. Como jornalista, recebeu menção honrosa no prêmio Esso, também a mais importante premiação do jornalismo brasileiro.

A escritora “sulfurosa” homenageada de 2016, outra tradição do evento, também está confirmada. A escolhida é umas das professoras e intelectuais da cidade mais queridas: Benedicta Pires Duarte. Natural de Mococa (SP), Tite, como é conhecida, veio para Poços de Caldas aos seis anos. Ela, que se formou em Letras e é fã de Machado de Assis e José de Alencar, publicou o livro de poesias “Convergências” e o de crônicas “Lembranças e saudade”. Professora de português por vários anos no Colégio Pio XII e Jesus Maria José, em Poços de Caldas, escreveu, ainda, para alguns dos principais jornais da cidade como o Mantiqueira, Jornal da Cidade e Brand News..

Santos de casa

Ainda que receba escritores de destaque do país e do mundo – o Encontro de Escritores Portugueses também está confirmado em 2016 –, o Flipoços não abre mão de dar espaço para os talentos locais da escrita. E esse não é o caso apenas da homenagem à professora Tite. Tem espaço certo na grade do Flipoços 2016 o já consagrado Encontro de Escritores Poços-caldenses, que reúne os mestres da escrita da cidade, responsáveis por manter Poços no mapa do movimento artístico e literário nacional.

No Flipoços 2015, esse mesmo encontro reuniu o número recorde de 16 escritores que nasceram na cidade ou adotaram a mesma como terra do coração. “Espero que consigamos bater em 2016 mais esse recorde. Aliás, bater recordes, em todos os sentidos, passou a ser um dos desafios do Flipoços”, afirma Gisele Ferreira. “Mas essa, digamos, competição entre todas as edições do festival é saudável, pois estimula nossa equipe a fazer o melhor evento da história a cada ano.”

Incluído nessa disputa interna está também o concurso estudantil do Flipoços, que conta com apoio e parceria da Secretaria Municipal de Educação. Todos os anos, alunos das escolas da rede de ensino da cidade são convidadas a criar desenhos ou redações, dependendo da faixa etária,  sobre a visão delas relacionadas à temática do Flipoços. Em 2015, foram inscritos o número recorde de 128 trabalhados, sendo 74 redações e 54 desenhos de alunos de 24 escolhas públicas e particulares. Obviamente, existe uma torcida para que esse recorde também seja batido em 2016.

Dessa vez, os estudantes foram convidados a criar trabalhos inspirados nas seguintes questões, ligadas à temática do Flipoços 2016: “Se você fosse um dos escritores clássicos, qual deles seria, como viveria e o que leria”? Em outras palavras, a ordem é retratar uma possível vida na época do escritor escolhido. “Na verdade, é uma grande brincadeira, instigando os alunos a novos conhecimentos. Eles devem pesquisar sobre literatura clássica e terão em sala de aula a oportunidade de aprenderem mais sobre esse fascinante universo”, diz Gisele Ferreira.

Com tantas notícias boas há cinco meses de sua realização e outras, que virão, em breve, é possível esperar por um Flipoços ainda melhor em 2016. Para orgulho de todos aqueles que vivem em Poços de Caldas, a cidade com maior índice de leitura de Minas Gerais, segundo a Câmara Mineira do Livro (CML).

 

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