a palavra velhaca rasteja
silvo mais sem sal o dela
ao sentir-se indesejada
bífida língua revela
depois da picada banguela
(suas presas são balela)
aprendi a recusá-la baixar sua crista
— à bala
*
ali onde a ausência
habita
um tigre assobia
e levita
aqui onde a sombra
hesita
um sol se desvia
e crepita
*
foi para não sabe onde
e talvez não tenha voltado
desse onde
para o qual na real
não tem certeza
se foi
carregar pedra
*
desbaratou num átimo
as palavras do guru
coberto de grifes
suor e cafonices
aboliu ranço e bagagem
até o mais extremo nu
saiu da barriga da baleia
cantarolando babalu
*
Poeta que despontou nos anos 1980, Ledusha retorna com um livro de poemas inéditos sobre maturidade, tempo, amor e memória. O trabalho retoma a verve que a fez ser reverenciada por gerações de jovens autores e também apresenta novas e marcantes facetas de sua produção.
Lua na jaula, de Ledusha Spinardi (Editora Todavia, 81 págs.)