E m João, Joãozinho, Joãozito (editora Galera Junior), o escritor Claudio Fragata recria a infância do autor mineiro, com aspectos da sua vida e um tanto de fantasia. Com ilustrações de Simone Matias e linguagem poética, apresenta a vida do menino em família, além da descoberta e do encantamento por histórias e pelos livros.

O texto traz passagens da vida de Joãozito, que se transformam em grandes aventuras, seja a descoberta do mundo por meio de um livro de geografia; a ida para Belo Horizonte e o deslumbramento com as bibliotecas; ou o lado “cientista” do menino que gostava de estudar biologia para saber mais sobre o mundo animal.

Fragata ainda aproxima a história de Joãozito com a de Miguilim, um dos grandes personagens de Guimarães Rosa, que ganhou, na ficção, lembranças da infância do escritor.

Trecho:

É possível menino flor, menino rosa? Pois decerto que sim. Sei de um, de nome João, ou melhor, João Rosa, por Joãozito conhecido de todos.

Nasceu lá bem longe, no interior das Minas Gerais, numa cidade cidadica assim, Cordisburgo, nome de reino encantado, mas encantada a cidade não era. Só era mesmo um primor de lugarejo fincado no meio das montanhas, tão de repente bonito. No meio do lugarejo a igrejinha branca. Em torno da igrejinha, as casas feitas com capricho para ser lar.

O pai de Joãozito tinha também nome perfumoso, Florduardo Rosa, que todos preferiam Seu Fulô por simples comodidade. A mãe Chiquitinha, se flor fosse, seria dessas miudinhas, de beira da estrada, quase miosótis na cor, chiquitinhas teimosas de se acharem sempre na primavera e por isso espalhando-se felizes demais pelos barrancos.

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João, Joãozinho, Joãozito, de Claudio Fragata e Simone Matias (editora Galera Junior, 48 págs.)