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Maria Quitéria – a soldada que conquistou o Império (Poligrafia Editora), de Rosa Symanski, foi lançado em 19 de março, em um bate-papo online com a autora, que mergulhou durante anos em estudos e pesquisas sobre a vida, história e época de uma das personagens mais ilustres do século XIX: Maria Quitéria de Jesus. Heroína da Guerra da Independência, condecorada por D. Pedro I, ela foi de extrema importância para a libertação do Estado da Bahia do domínio português e para a Independência do Brasil.

A vida de Maria Quitéria é retratada por Rosa Symanski com um misto de realidade e ficção, com destaque para o espírito livre e destemido dessa personagem, considerada por muitos o maior soldado do País.

À frente de seu tempo, talvez até da contemporaneidade, a sertaneja do Recôncavo Baiano teve uma vida de lutas. Luta para não cumprir o destino que lhe era imposto à época; luta para viver um grande amor, para além dos moldes exigidos pela sociedade; luta à frente de um batalhão de mulheres, que só existiu por sua audácia e coragem.

O prefácio é assinado por Gabriella Esmeralda Aquino Silva, licenciada em filosofia, que faz parte da árvore genealógica de Maria Quitéria, e recentemente fez uma expedição em busca de sua história familiar. A ilustração de capa é de Giorgia Massetani.

Leia abaixo um trecho da obra:

Vasculhava a própria mente em busca de respostas sobre o que, em qual momento havia sido determinada essa obediência e temor desmedido em relação ao sexo masculino.

Pensou em Maria Rosa como uma vítima também, pois esta jamais poderia agir como o pai, fazendo sexo com os escravos da fazenda, e nas circunstâncias que levaram a tal acontecimento com Chica. Então, refletiu sobre o destino nefasto dos escravos, das mulheres sem livre arbítrio, e do bebê, seu meio-irmão, que agora aproveitava o momento do colo da mãe presente para se entregar sem tréguas à sucção desvairada, indiferente à existência que o esperava. Ao integrar todos os elos da intrincada corrente, Maria Quitéria sentiu-se completamente vulnerável e incapaz de algum gesto para fazer alguma diferença diante de tanto desespero.

Naquele momento e lugar, palavras de consolo soariam vazias e sem sentido.

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Maria Quitéria – a soldada que conquistou o Império, de Rosa Symanski (Poligrafia, 258 págs.)

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