* Da redação*

A Drummond Livraria abre suas portas no Conjunto Nacional, no local da antiga loja Geek, da Livraria Cultura , logo após a Bienal do Livro de São Paulo. Trata-se de uma parceria entre a rede de livrarias Loyola e a Faro Editorial. Há cerca de dois anos, Vitor Tavares, sócio distribuidora e das livrarias Loyola, estudava a abertura de uma livraria nova, com conceito diferente das suas, que são focadas em livros religiosos. Paralelamente, notou que seu e-commerce, durante a pandemia, passou a receber cada vez menos lançamentos, enquanto a procura pelos mais vendidos, clássicos e livros tradicionais dos catálogos das editoras, crescia de forma acelerada e consistente. Faltava a comunicação tão importante das novidades, algo que acontece fortemente por meio das lojas físicas.

Vitor sentiu que o próximo movimento do mercado, para lidar com essa tendência, seria a busca por aproximação entre os livros e seus potenciais leitores, assim como maior interesse, investimento e esforço das editoras em promover estes encontros reais com os livros. E neste momento sondou Pedro Almeida e Diego Drumond, da Faro Editorial, que não só concordaram com a leitura feita sobre o necessário movimento do mercado para aproximar leitores das novidades, como se dispuseram a investir para que projeto fosse implantado.

“Partimos da premissa que gostaríamos de criar uma livraria de interesse geral, em local acessível pelo transporte público, mas que também oferecesse estacionamento e segurança, se possível evitando grandes centros de compras. A ideia foi manter o espectro de leitores bem aberto, e ter um ponto que atenda simultaneamente do executivo ao geek, das crianças e jovens leitores aos acadêmicos, com livros de todas as editoras e foco em novidades, os lançamentos mais recentes. Além disso, queríamos um local que facilitasse a realização de eventos de lançamentos, encontros literários, contação de histórias e atividades culturais”, afirma Pedro Almeida.

“Quando escolhemos a região, ao procurar potenciais pontos, passei inúmeras vezes pelo endereço onde ficava a antiga livraria de minha mãe. Comentei com os sócios que aquilo me lembrava a infância, assim Pedro e Vitor deram a ideia de continuarmos aquela bela história da autora apaixonada que ousou criar uma livraria na região da Paulista”, diz Diego Drumond.

Para cumprir a missão de ofertar grande quantidade de títulos, de todas as editoras interessadas, a Drummond Livraria iniciará com três opções de atendimento: E-commerce pelo site próprio, encomendas com retirada na loja e o espaço no Conjunto Nacional, que terá exposição focada nas novidades, com o propósito de apresentar-se como vitrine de lançamentos para o mercado, promovendo a apresentação de novos títulos aos leitores.

“A proposta consiste em construirmos junto das editoras uma ótima opção para lançamentos de livros na região, que é central. Somos distribuidores de mais de 300 editoras e alimentávamos o sonho de criar uma loja física que pudesse comercializar os livros de todas elas e encontrei na dupla de sócios da Faro a mesma vontade. Estamos muito animados”, disse Vitor Tavares.

As obras de reforma do espaço já se iniciaram e a previsão de abertura da loja é para julho desse ano. A Drummond Livraria irá publicar, na inauguração da loja, sua revista literária, distribuída gratuitamente aos visitantes. Oferecerá também pacotes completos de comunicação para editoras investirem na experiência dos leitores com seus lançamentos e livros mais lidos, incluindo eventos de lançamento, adesivagem da livraria, contação de histórias, vitrines especiais, destaques de exposição, ofertas ativas de checkout, embalagens customizadas, distribuição de brindes, marca páginas e amostras de livros. Interessados podem entrar em contato pelo e-mail editoras@drummondlivraria.com.br. Como noticiou o Caderno 2, do Estadão, neste fim de semana, a Avenida Paulista ganhou em fevereiro a Livraria no Reserva, dentro do cinema reserva Cultural, antes ocupada pela carioca Blooks e agora espaço que aposta em editoras independentes.

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Nos primeiros dias de maio volta às livrarias nacionais, pela Companhia das Letras, Cadernos proibidos, clássico moderno de Alba de Céspedes, uma das grandes autoras de língua italiana do século XX. No livro Frantumaglia, Elena Ferrante discorre sobre como esse livro e, em especial, a autora foi uma de suas maiores influências para a escrita. O livro traz uma série de temas que também aparecem na obra da Ferrante, como a ambivalência presente na maternidade, relação da mulher com a escrita e esta como espaço de liberdade, jornada dupla feminina, sobrecarga do trabalho doméstico e da desigualdade na divisão de tarefas, relações complexas entre mães e filhas, sexualidade feminina, entre outros.

Neste clássico, Valeria Cossati queria apenas buscar cigarros para o marido na tabacaria, mas acaba comprando ilegalmente um caderno preto — um item que não poderia ser comercializado aos domingos —, e faz dele seu diário. Estamos na Roma dos anos 1950, e Valeria leva a vida entediante de uma mulher de classe média, dividindo-se entre os papéis de mãe, esposa e funcionária de escritório. Há anos ela não ouve o próprio nome — o marido só a chama de “mamãe” —, e sua relação com os filhos é marcada por conflitos geracionais. Porém, conforme alimenta aquelas páginas proibidas, Valeria começa a notar uma profunda transformação em si mesma — cujas consequências ela ainda não sabe prever.

Alba de Céspedes nasceu em Roma em 1911, filha de uma italiana com um embaixador cubano no país. Estreou na literatura em 1935 com os contos L’anima degli altri, e publicou uma série de romances, entre os quais Ninguém volta atrás (1938), Dalla parte di lei (1949), Caderno proibido (1951), A rebolona (1967) e Nel buio della notte (1976). Envolvida com a pauta antifascista, fundou a revista Mercúrio, em 1944, e no pós-guerra dedicou-se a escrever para o cinema, o teatro, o rádio e a televisão. Morreu em Paris, em 1997.

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O Brasil marcará presença em duas feiras latino-americanas do mercado editorial. Após a última edição em formato virtual, a Feira Internacional do Livro de Bogotá (FILBo) retorna ao modelo presencial, a partir de 19 de abril. O evento acontece até o dia 2 de maio, em Corferias, centro comercial na capital colombiana. No dia 26 de abril será a vez da capital argentina realizar presencialmente a Feira Internacional do Livro de Buenos Aires, que se estenderá até o dia 16 de maio.

A delegação que representará o Brasil na FILBo será composta por dois representantes de editoras do país: Luís Cláudio de Sousa Pereira, co-fundador da AL+ e também autor da obra de destaque da editora “América Latina 2051”; e Álvaro Borba, da Mais Ativos e do selo editorial Mais Amigos, da mesma editora, voltado para literatura infantil. Já em Buenos Aires, o Brasil será representado pela Editora InVerso.

As editoras que integram as duas delegações participam do Brazilian Publishers – projeto de internacionalização de conteúdo editorial brasileiro realizado por meio de uma parceria entre a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).

Fernanda Dantas, gerente de relações internacionais da CBL e gerente do projeto Brazilian Publishers, destaca a relevância da participação do Brasil nos eventos. “Tanto a feira de Buenos Aires quanto a de Bogotá são de suma importância para o fortalecimento das relações entre os países latinos e para a construção de um mercado editorial ainda mais sólido e unido na América do Sul”, diz Fernanda.

Vitor Tavares, presidente da CBL, comemora a retomada das feiras presenciais e a movimentada agenda do mercado editorial brasileiro neste semestre: “Depois de dois anos com a maioria das feiras ocorrendo em formato remoto, estamos muito animados em ver nossa agenda voltando a todo vapor, reunindo profissionais do livro de todo o mundo e aquecendo o mercado”, celebra o presidente da CBL

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No centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) lança o livro Pernambuco Modernista, do jornalista, pesquisador, escritor e crítico de arte Bruno Albertim. O livro de 185 páginas terá pré-lançamento em São Paulo, dia 10 de abril, às 15h, no Centro Cultural Tendal da Lapa. O lançamento será em julho, no Museu do Estado de Pernambuco (Mepe), com direito a exposição, que será viabilizada pela Cepe.

O livro traz prefácio do curador Marcus Lontra, além de ilustrações e perfis dos protagonistas do movimento, tanto do início – Cícero Dias, Lula Cardoso Ayres, Vicente do Rêgo Monteiro -, quanto de meados do século XX – José Cláudio, Francisco Brennand, Tereza Costa Rêgo, Gilvan Samico, João Câmara, Raul Córdula, Montez Magno, Reynaldo Fonseca e Guita Charifker.

A obra revela que Pernambuco teve e tem um dos modernismos mais contundentes, com características, padrões de cor, ética e temáticas próprias. O projeto partiu da necessidade de contestar a hegemonia de São Paulo como único disseminador no Brasil das ideias modernistas. “Como pesquisador me incomoda muito essa visão parcialmente verdadeira de que o Modernismo de São Paulo tenha promovido mecanismos eficientes para a construção de uma narrativa hegemônica que privilegia a centralidade dessa ética e dessa estética da arte moderna deflagrada a partir de São Paulo. O fato é que esse Modernismo de 22 – que a gente estuda na escola, de Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Tarsila do Amaral e Anita Malfatti – tem um poder catalisador do pensamento moderno no Brasil”, explica o autor.

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