Da redação *
Considerado um monumento ao desenvolvimentismo urbano desenfreado, o Minhocão, em São Paulo, hoje, é legado da decadência social, com seu entorno lúgubre. A má fama ainda remete ao nome original, que remete a um dos generais da ditadura militar, período em que foi construído (há 44 anos), por decisão de um político paulista que se tornou sinônimo de corrupção.
O novo plano diretor de São Paulo prevê sua desativação, o que tem gerado uma longa discussão sobre seu destino e sobre seu sentido dentro do organismo urbano.
Para além de suas implicações mais objetivas, o livro Um viaduto chamado Minhocão (editora Dedo de Prosa), do escritor Gil Veloso e do artista Paulo von Poser, com lançamento no domingo (25), lança um olhar poético ao viaduto, e o envolve com o humano, individual e coletivo.
Gil Veloso cria versos em que o espaço ora é personagem, ora é cenário, com brincadeiras semânticas, palíndromos e metáforas. Já o traço livre e seguro de Paulo von Poser acompanha os versos, criando muitas vezes poesia visual de múltipla camada de entendimento.
O lançamento acontece no domingo (25), das 11h às 15h, no Minhocão, próximo ao metrô – acesso Marechal Teodoro. Na sessão de autógrafos, haverá atividade de desenho para crianças com o artista Paulo von Poser.
Confira abaixo alguns poemas do livro:
“Da sacada de um terceiro andar
o gato observa
um bebê engatinhando.”
“Do asfalto ao parapeito
o skate salta…
Ressalta o movimento perfeito”
“Jobimniando
Fotografei o Minhocão,
idas, polaroides e vindas…
Revelou-se sua enorme gratidão!”