* Por Alexandre Willer * 

Junho, mês do Orgulho LGBTQIA+. Há quem diga que isso é besteira, há quem fale que efemérides assim não ajudam em nada, que é preciso ter orgulho em ser LGBTQIA+ o ano todo, não apenas em trinta dias de um ano. O fato é que esse mês fica mais colorido, diverso e nosso. Tomara que num futuro não tão distante, não seja preciso termos um dia, mês ou data para sentirmos  orgulho, que possamos apenas ser e existir sem termos de lutar pela vida todo santo dia. Enquanto isso não acontece, precisamos sim lutar e nos fazer ver e ouvir. Seguem algumas dicas de livros com temática LGBTQIA+ que podem ajudar a abrir as portas (e os armários) do nosso universo em que ainda insistem em nos colocar:

– A volúpia do pecado, de Cassandra Rios (Record, edição esgotada; possível encontrar na Estante Virtual). Precursora da causa e considerada maldita, quase sempre esquecida, é um dos marcos essenciais do movimento.

– Viagem solitária – Memórias de um transexual 30 anos depois, de João W Nery (Leya). Primeiro homem trans com cirurgia de redesignação sexual e ativista dos direitos LGBTQIA+.

– O bom crioulo, de Adolfo Caminha (Martin Claret). Apesar de problemas como racismo, representação estereotipada da homossexualidade e machismo (para ficar em alguns) segue como pioneiro em abordar o tema na literatura nacional.

– Devassos no paraíso, do mestre João Silvério Trevisan (Objetiva). O maior tratado e estudo já feito sobre a homossexualidade no Brasil. Trevisan é um mestre!

– Horses, de Agnaldo Nascimento (Penalux). Uma epopeia anarco-punk-urbe-rock-narrativa.

– Querelle, de Jean Genet (Nova Fronteira, edição esgotada; possível encontrar na Estante Virtual). Se você nunca leu Genet, bem, melhor repensar sua vida…

– Oito do sete, de Cristina Judar (Reformatório). Para entender a alma queer não-normativa e o instinto que arde em cada um nós.

– Urânios, de Roberto Muniz Dias (Metanoia). Fábula sobre um triângulo amoroso e identidades compartilhadas.

– O homem só, de Christopher Ishwood (Nova Fronteira, edição esgotada; possível encontrar na Estante Virtual). Um livro que mostra que ser LGBTQIA+ é muitas vezes ser só.

– A cidade e o pilar, de Gore Vidal (Rocco, edição esgotada; possível encontrar na Estante Virtual). escolhido pelas mesmas razões da escolha de Genet. Clássicos de todos os tempos.

– E seu fosse puta, de Amara Moira (Hoo Editora). Porque se eu fosse puta seria feliz.

– Ninguém vai lembrar de mim, de Gabriela Soutello (Jandaíra). Prosa-poesia da cidade rasteira.

– O retrato de Dorian Gray do eterno divo Oscar Wilde (Via Leitura). Repito o que disse sobre Genet e Gore Vidal.

– As desventuras de Arthur Less, de Andrew S. Greer (Record). Uma bela sátira sobre o tema. Nem só de tragédia nós vivemos.

– Fun home, de Alison Bechdel (Editora Todavia). LGBTQIA+ em quadrinhos. Imperdível.

– Ricardo e Vânia, de Chico Felitti (Editora Todavia). Sobre a vida de Ricardo (popularmente conhecido como Fofão da Augusta), um dos personagens mais icônicos da noite de São Paulo

– A resistência dos vaga-lumes, org. Cristina Judar e Alexandre Rabelo (Editora Nós). Antologia incrível com autores nacionais. Foda!

– O que te pertence, de Garth Greenwell (Editora Todavia). Obra de lirismo ímpar.

– Aquele que é digno de ser amado, de Abdellah Taïa (Editora Nós). Prova de que existe literatura LGBTQIA+ fora dos grandes centros, no caso Marrocos.

– Morangos mofados, ou qualquer obra de Caio Fernando Abreu (Companhia das Letras). É o nome mais conhecido da literatura do gênero. Vai além de qualquer sigla em que se possa encaixar.

– O quarto de Giovanni, de James Baldwin (Companhia das Letras). Livro incontornável quando se pensa no tema. 

Esses são apenas alguns livros com a temática. Há muites autores mundo afora (e no Brasil também!) que merecem ser lides. Basta você procurar nos catálogos de diversas editoras que os encontrará.

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Alexandre Willer  é autor dos livros de contos Maré Vazante e outras estórias e Nunca mais voltei, este último lançado no ano passado pela Folhas de Relva Edições. Participou das coletâneas Homossilábicas; Cem anos de amor; Loucura e Morte; GOLPE: Antologia manifesto e A resistência dos vagalumes, além de diversos projetos e iniciativas literárias. É cinéfilo, fotógrafo amador e ama música.

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Foto ilustrativa: Robert Mapplethorpe

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