* Por Mauricio Vieira *

Chapeuzinho Vermelho em tempos de Corona Vírus e confinamento

Era uma vez a mocinha

E ela vivia no campo

Com a mãe numa casota

Rente a uns pés de morango

 

Disse um dia sua mãe

Que a avó enferma estava

Com tosse muito seca

E febre um tanto alta

 

A mocinha tão bondosa

Que usava chapéu vermelho

Ao sair de tardezinha

Para não pegar sereno

 

Falou à mãe que iria

Levar sopa e bolos quentes

Pela floresta das faias

Até a avó doente

 

A mãe respondeu assim

infelizmente filhinha

O doutor disse que a avó

Não podia receber visitas

 

Chapeuzinho então chamou

Um serviço de entregas

Pra levar rapidamente

À sua avó a remessa

 

O entregador recolheu o pacote

Pedalou por um atalho

Chegando na casa da avó

em cinco minutos cravados

 

A mocinha nem se deu conta

Que o moço tão ligeiro

Das enormes mãos e focinho

Lembrava afinal um rafeiro

 

Ao abrir a porta de casa

Vovó não conteve um espirro

Em cheio no rosto do lobo

Que saiu dali fugindo

*

Mauricio Vieira viveu em muitos lugares, mas sua casa é a poesia. Autor de Manual onírico de jardinagem (2019, Folhas de Relva Edições), Árvoressências (poesia), A árvore oca (romance) e La lyre africaine (teatro). Participou de diversos encontros literários no Brasil, em Portugal e na França. Organiza o ciclo internacional de leituras “A Descoberta do Outro”. Alguns de seus poemas estão na edição 95 da Revista Brasileira (ABL). Mora em Paris e edita a revista Arvoressências.

Tags: