Com o objetivo de ampliar a representatividade da literatura brasileira contemporânea no mercado de livros, Ana Paula Costa, Camila Perlingeiro, Leticia Bosisio e Martha Ribas se unem com o lançamento do selo editorial Janela + mapa lab. O projeto editorial é resultado da parceria entre a Janela Livraria e a editora multiplataforma mapa lab e os primeiros três títulos serão apresentados aos leitores neste mês com uma série de 5 encontros na casa da Janela + mapa lab na Flip entre os dias 24 e 26 de novembro.

Entre as novidades, a jornalista e roteirista Bianca Ramoneda lança caderno de costuras, obra poética inédita sobre a passagem do tempo e o processo de amadurecimento. Paula Gicovate revisita seu primeiro romance com a nova edição de Este é um livro sobre o amor, com novo projeto gráfico e texto de orelha da escritora Juliana Leite. Com o respaldo de nomes como Chico Felitti e Carola Saavedra, o jovem escritor e livreiro da Janela Rodrigo Batista estreia na literatura com o livro de contos Não há nada, um retrato cru e multifacetado sobre as pulsões e os anseios da juventude.

A programação em Paraty inclui ainda os eventos Podcast ao vivo, com Rádio Novelo, com as presenças de Branca Vianna, Flora Thomson-DeVeaux, Paula Scarpin e Natália Silva, além do Doses de Poesia, roda de poemas para o intenso agora com Alexandra Maia, Alice Sant’Anna, Bianca Ramoneda, Cida Pedrosa, Luiza Mussnich, Luiza Vilela, Natasha Félix, Prisca Agustoni e Sara Ramos.

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A escritora Luciana Hidalgo comunica o lançamento do seu novo romance Penélope dos trópicos. Com esse livro nasce também a sua própria maison d’édition: a Editora do Silvestre.

Filha de uma professora de mitologia grega, meio perdida entre a Grécia antiga e a metrópole ensolarada onde adora viver, essa Penélope contemporânea não espera Ulisses algum fiando-desfiando panos. Longe disso. Entre mergulhos radicais no mar e apelos aos deuses do Olimpo, ela cumpre a sua odisseia aflitiva e divertida, ocupando plenamente seu lugar na cidade. Intensa, participa de manifestações contra o neofascismo, coleciona pretendentes e pretendidos em aplicativos de encontros, questiona tudo, absolutamente tudo que a cerca. Aos 30 anos, encara todas as questões femininas e feministas, políticas e existenciais da contemporaneidade sem jamais perder o humor e o senso crítico.

Em seu terceiro romance, Luciana Hidalgo (autora contemplada com dois prêmios Jabuti) surpreende ao recorrer à personagem Penélope da Odisseia para abordar ficcionalmente questões pós-modernas. No entanto, a autora inverte os papéis do clássico de Homero, fazendo dessa Penélope tropical a heroína de um mundo caótico, ameaçado por movimentos de extrema direita e pela barbárie do capitalismo. Constrói assim uma personagem forte, carismática e visionária, hábil em ver e denunciar o que poucos veem e denunciam. Numa prosa poética enxuta e bem-humorada, a autora escreve a sua Penelopeia numa tentativa de encontrar na Antiguidade clássica explicações para as encruzilhadas do mundo atual.

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Com o nome inspirado pela palavra que abre uma das obras fundamentais da literatura brasileira, “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, a exposição “Nonada” vai ocupar, a partir de 19 de novembro, dois espaços no Rio de Janeiro: um em Copacabana e outro em um galpão industrial na Penha, subúrbio da cidade. A mostra inaugural reunirá obras, em diversos suportes e materiais, de 32 artistas de várias cidades brasileiras, com pesquisas que abrangem temas atuais, entre eles racismo, questões políticas, sociais e de gênero. Em Copacabana estará “A Palavra: Prosa”, e na Penha “A Palavra: Verso”. Na abertura da mostra na Penha haverá uma apresentação de Marta Supernova, artista visual e DJ. O texto crítico é do artista, poeta e compositor André Vargas.

Em Copacabana, no espaço de 70 metros quadrados da Nonada ZS na Rua Aires Saldanha, próximo à Rua Bolívar, área boêmia e perto do futuro Museu da Imagem do Som, estarão obras com um teor maior de crítica política e social. Na Penha, na Nonada ZN, na área de mais de 200 metros quadrados e 4,5 metros de altura, os trabalhos serão mais líricos.

São variadas as linguagens dos artistas, em diversos materiais e suportes – pinturas, esculturas, fotografias, poesia, vídeos, entre outros – que percorrem várias pesquisas, discutindo temas de nosso tempo.  A iniciativa da criação de Nonada é de Paulo Azeco e João Paulo Balsini, a que se juntaram os dois irmãos Ludwig e Luiz Danielian, donos da Danielian Galeria, na Gávea.  “Há uma qualidade impressionante de trabalhos feitos por artistas que não têm tanto acesso ao circuito de galerias, que trazem temas atuais, entre eles questões políticas, sociais, de racismo e gênero. Queremos apresentar de forma plural novos talentos, visões e força criativa”, comenta Paulo Azeco, graduado em Artes Visuais na Universidade Federal de Goiás com pós-graduação em “Métiers d’art: lesArtsAppliqué”, na ÉcoleBoulle”, em Paris, e uma longa trajetória em galerias importantes em São Paulo. Ludwig Danielian conta que sempre desejou ter um espaço de arte no subúrbio, diferente da atuação na Gávea. Com o projeto de Paulo Azeco e João Paulo Balsini – colecionador de arte e advogado com atuação em políticas públicas – revitalizou, junto com seu irmão Luiz Danielian, a fábrica de moda praia e lingerie aberta por seu pai em 1968, e fechada há sete anos.

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Misticismos e arquétipos. Materialização do inconsciente coletivo a partir de estudos da obra do psiquiatra suíço Carl Jung (1875-1961). Arte sobreposta ao espírito. A obra do artista gaúcho Adão Pinheiro, 84 anos, expressa conhecimentos de séculos e geografias diferentes em um mesmo papel, tela, madeira, argila ou barro. Artista transgressor de conceitos e desgarrado das técnicas, também já assinou roteiros, cenografias e direção de arte. O filme Baile Perfumado (1996), é um exemplo. Foi fundador do Movimento da Ribeira, em Olinda, nos anos 1960, participando ativamente da efervescência artística da Cidade Patrimônio da Humanidade. Nos anos 1980, foi diretor da Fundação de Cultura, Turismo e Esportes de Olinda. Mesmo com esse currículo, continua sendo até hoje um ilustre desconhecido, tanto em Pernambuco como no resto do Brasil.

Daí a importância do livro Adão Pinheiro, editado pela Cepe e organizado pela bióloga e escritora Lêda Regis e pela artista francesa Christine Barth. A obra será lançada dia 17 de novembro, às 19h,  na Sala Janete Costa do Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda. O evento também marca a abertura de exposição multimídia do artista.

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Escrito em 1982, Febre de cavalos é o romance de estreia de Leonardo Padura. O livro acaba de ser lançado pela primeira vez no Brasil pela editora Boitempo. Andrés é um rapaz de dezessete anos que, após concluir o programa Escola no Campo, retorna para casa e conhece Cristina, uma vizinha sedutora mais velha que ele. A partir da relação deles, ambígua e conturbada, a história de Andrés – inclusive com sua namorada e sua mãe – vai se definindo.

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Aramyz acaba de lançar seu segundo livro, Vidro a prova de pobre, pela Editora Urutau. Mais uma vez Aramyz faz um raio x do país, perguntando “de que lado da história você está?”. Para a dramaturga e diretora teatral Maria Basílio, que assina o prefácio, os 30 contos em formato de monólogos teatrais do livro nos instigam a refletir a respeito de aspectos sociais, ambientais, econômicos e políticos da nossa sociedade.  É no primeiro conto, “Zoológico”, que o nome do livro vem à tona, e é nesse conto que Aramyz nos coloca em um micro-ônibus e nos leva a um tour pelas agruras de um país que sangra. Assaltantes da quebrada que não roubam professores, desde que mostrem o holerite. Aramyz reside na periferia, conhece o linguajar sem censura da quebrada e usa isso para nos colocar dentro de todas as situações, como faz em “Vagão”, texto em que falas de marreteiros, fluídos de pensamentos, situações de abusos e descaso conhecidas por todos que usam transporte público são retratadas. “Vidro à prova de pobre” é um espelho que reflete a alma de todos nós, e ao mesmo tempo, é um convite para aproximação do leitor com a periferia, solo fértil que instiga o autor a escrever textos que emanam de um lugar que lhe é intrínseco e catártico.

 Portador do TEA ( Transtorno do Espectro Autista ) Aramyz  descobriu sua voz literária, a partir das oficinas de Forma Breve para textos teatrais com os dramaturgos Lucas Mayor e Marcos Gomes, no Espaço Cemitério de Automóveis, concomitante a Oficina de Criação Literária com o escritor Marcelino Freire, no B_arco Centro Cultural, que resultou num conto publicado em 2020,  no livro Parapeitos da Editora Selo do Burro.

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