Literatura

A Folhas de Relva Edições – braço editorial desta São Paulo Review – comemora 5 anos de existência no domingo que vem, dia 16, com um mega-sarau que reunirá grande parte de seus mais de 50 autores em uma tarde de microfone aberto no Macabéa Café, na Santa Cecília, em São Paulo. Haverá sorteio de livros e lançamentos de livros.

A editora foi criada em 2018 pelo escritor e editor Alexandre Staut, para a publicação de seu romance “O incêndio’, que, na ocasião, ganhou o Fomento de Literatura da Secretaria de Cultura de São Paulo. A partir daí, a editora publicou livros de amigos e, em seguida, o catálogo foi aumentando com romances, livros de contos, poesia, além de obras de não ficção, sempre com foco na literatura contemporânea produzida no Brasil.

Hoje, cinco anos após o início do projeto, o catálogo conta com mais de 50 títulos, que giram em torno de temas como as diversidades raciais e de gênero. Dos títulos publicados, dois ganharam no ano passado o edital Minha Biblioteca, da Prefeitura Municipal de São Paulo, “Epilepsia – Uma fábula”, do bailarino Samuel Kavalerski, e “Diários em mar aberto”, do professor da Sorbonne e poeta Leonardo Tonus.

O livro “Está (quase) tudo bem”, da escritora e jornalista Luciana Rangel, recebeu prêmio de Melhor Livro da Secretaria de Cultura da Baviera, na Alemanha. Assim como este título, os livros da escritora e advogada Paula Macedo Weiss, “Entre Nós” e “Democracia em movimento” foram publicados na Alemanha.

Este ano, a editora pretende lançar 24 livros, no total. Nos três primeiros meses de 2023 já lançou os seguintes títulos: “Penso, logo existo”, do psicanalista Ricardo Pessoa; “Arcano sem nome”, de Ubiratan Caetano; “O duplo refletido”, estreia da crítica literária Lorraine Ramos Assis na poesia; “Ruth contra Hitler”, de Luciana Rangel; Mãe floresta – Minha vida com Ayahuasca”, da xamã Ana Vitória Vieira Monteiro; “Itinerários para o caos”, do coletivo Escrivaninha, da Casa das Rosas; e o young adult “A valentina que me faltava”, do mestre em Políticas Públicas Fabiano Martucci.

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A Balaio Editorial inaugura seu catálogo com um volume de poemas que coloca em cena uma criação literária atravessada pela história e pela cultura negra. “Cicatrizes”, de Carlos Machado, reafirma tanto a marginalização do corpo negro e as relações sociais contemporâneas que perpetuam o racismo, como a refiguração de resistências e epifanias.

O livro apresenta como temática a negritude e as mazelas históricas e sociais brasileiras. Em cinco seções – “Vozes”, “Figuras”, “Beco da Esperança”, “Batuque” e “Liberata” –, o autor constrói e articula poeticamente espaços simbólicos que mobilizam cantos e ruínas da escravidão, lutas e personagens históricas, racismos cotidianos, santos e orixás, resistências.

Carlos Machado é jornalista e poeta. Estreia na poesia em 2006, com “Pássaro de Vidro”. Depois, publica o cordel “Mané Ventura, Gonçalo e eu”; o volume “Tesoura Cega” (2015); o livro de poemas para crianças “Cada bicho com seu capricho” e, em 2018, “A mulher de Ló”. Nascido no Recôncavo baiano, construiu seu percurso profissional em São Paulo e realiza, há mais de duas décadas,
importante trabalho de curadoria poética no site algumapoesia.com.br, que reúne precioso acervo sobre a poesia brasileira. Sábado, 15 de abril, das 16h às 19h, no Bar Canto Madalena, em São Paulo.

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A 4ª Feira do Livro de Ipuã | FECODI, no interior de São Paulo, termina neste sábado (15), com atividades diversas para o público infantil, jovem e adulto. O show “Dois Violões”, com o cantor e compositor Arnaldo Antunes (foto), faz o encerramento do evento, a partir de 21h, no palco principal da feira, montado no Parque de Exposições Oswaldo Ribeiro de Mendonça (avenida Augusto Fressatti, s/nº).

Com repertório que resgata as diferentes fases de sua carreira, Arnaldo Antunes interpreta composições próprias e de parcerias celebradas com Paulo Miklos, Marisa Monte, Carlinhos Brown e Liminha. Músicas como “Não Vou Me Adaptar”, “O Pulso”, “Alegria”, “O Sol” e “Essa Mulher”, são algumas confirmadas para a apresentação em Ipuã. Destaque para os arranjos minimalistas assinados por Chico Salem e Betão Aguiar, os dois violões que acompanham Antunes neste projeto.

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Em 1942, Hitler avança na conquista da Europa. Crescem os campos de trabalho forçado e extermínio, que passam a escravizar e matar, de forma sistemática, quem não tem utilidade para o Terceiro Reich – aqueles considerados inferiores, que não se enquadram nos critérios definidos pela ideologia nazista. Mas a indústria da morte custa caro, e a Alemanha ainda não se recuperou dos prejuízos da Primeira Guerra. É preciso encontrar, e rápido, uma solução econômica de grande escala para um problema crescente.

Eletrizante e perturbador, O engenheiro da morte (editora Autêntica) é uma denúncia histórica, ambientada em fatos documentados, da participação de grandes indústrias na disseminação da ideologia nazista e um lembrete pungente de que as memórias da guerra não devem ser esquecidas.

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Nos últimos anos, com o desafio da mudança climática e a exposição frequente na mídia de conflitos enfrentados pelos povos indígenas, os olhares do Brasil e do mundo se voltam cada vez mais para essa população. E, na busca pelo conhecimento mais aprofundado da cultura dos povos originários, cresce o número de interessados na temática indígena. Pensando nisso, a editora Moderna irá lançar, até o fim deste ano, cinco novos livros de literatura indígena, escrita por nativos.

Entre as obras com lançamento previsto para o primeiro semestre de 2023 estão “Apytama — Floresta de histórias”, organizado pelo autor Kaká Werá, que apresenta um território de imagens e conceitos que traduzem a identidade e a consciência de pertencimento de uma cultura plural, cujos valores principais apontam para o cuidado com a natureza, com as diferenças, com o poder e com o reconhecimento da memória como portadora de saberes. A obra, voltada para o público juvenil, oferece em poemas, ensaio, crônicas e contos uma reflexão sobre a relação entre a natureza e o ser humano.

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Teatro

No estado brasileiro do Pará, próximo à cidade de Marabá, onde 21 militantes do MST foram assassinados pela polícia militar em 17 de abril de 1996 em uma estrada através da floresta amazônica durante uma “marcha pela reforma agrária”, Milo Rau está encenando uma nova versão do “Antígona” de Sófocles junto com o movimento sem-terra MST e ativistas indígenas na primavera de 2023. A peça culmina com uma encenação do próprio massacre, no local e no aniversário do crime, como parte da cerimônia anual de rememoração dos mortos, durante o acampamento da juventude na Curva do S. O papel de Antígona é desempenhado pela ativista indígena Kay Sara, e o coro é formado por sobreviventes do massacre e suas famílias que vivem no Assentamento 17 de abril, terra ocupada, desde 1996. E finalmente, o vidente cego Tirésias é interpretado pela liderança indígena, ambientalista e escritor mundialmente conhecido, Ailton Krenak. “Antígona na Amazônia” estreará em 17 de abril, às 9h, em uma ocupação em uma rodovia federal que corta a Amazônia, a chamada “Transamazônica” no exato dia e local do massacre.

Ainda este ano, Antígone na Amazônia também pode ser visto em Basiléia (Suíça), Roma (Itália), Bydgoszcz (Polônia), Lyon (França), Lisboa (Portugal), Porto (Portugal), Madri (SPA), Châteauroux (França), Paris (França), Bruges (Bélgica), Turnhout (Bélgica) e Antuérpia (Bélgica).

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O universo da criação poética é o tema do novo espetáculo da Studio3 Cia de Dança, PESSOA(S), que será apresentado no Teatro Sérgio Cardoso, dias 15 e 16 de abril, sábado, às 20h30, domingo, às 17h.

A obra é uma celebração ao grande poeta português Fernando Pessoa, que neste espetáculo – sem pretensões biográficas – é o guia de uma jornada onde bailarinos / heterônimos traduzem a vastidão do processo criativo criando com seus corpos a infinita paleta das emoções humanas, quando o corpo se faz poesia.

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Considerada referência na luta pelos direitos LGBTQIA+, a ativista Brenda Lee (1948-1996) foi homenageada em 2022 pelo musical Brenda Lee e o Palácio das Princesas, vencedor dos prêmios Bibi Ferreira (de atriz revelação em musicais e melhor roteiro), APCA (de melhor espetáculo do ano) e Shell (de melhor atriz). Agora, o espetáculo volta em cartaz no Teatro do Núcleo Experimental para uma nova temporada entre 14 de abril e 14 de maio, com apresentações às sextas e aos sábados, às 21h, e aos domingos, às 19h.

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Artes

A forte influência das alegorias das escolas de samba do carnaval do Rio de Janeiro, a paisagem do Nordeste, o hibridismo de matrizes diversas e a sustentabilidade permeiam as obras do aracajuense Zé Carlos Garcia, que trabalhou como escultor por dezesseis anos no universo carnavalesco ao lado de personalidades como Joãosinho 30 e acaba de ganhar o Prêmio Arte Sustentável ARCOmadrid – atribuído pela Feira Internacional de Arte Contemporânea de Madrid. Zé Carlos é também um dos artistas selecionados para a 22ª Bienal Sesc_Videobrasil, edição comemorativa dos 40 anos do festival, com o tema “A memória é uma ilha de edição”, a ser inaugurada em outubro deste ano, no Sesc 24 de maio.  A exposição Escultura Cega, em cartaz na Galeria Marilia Razuk – que no ano passado completou 30 anos de atuação no mercado – até o dia 06 de maio, apresenta trabalhos inéditos do artista, com madeira oriunda de poda urbana, fragmentos de mobiliários antigos e manejo florestal, além de materiais como penas e pedras.

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O Instituto Moreira Salles acaba de disponibilizar para download gratuito parte de seu acervo fotográfico e iconográfico em domínio público. São cerca de 10.000 obras, entre fotografias, em maior quantidade, gravuras, desenhos e pinturas, produzidas entre o século XVI e as 3 primeiras décadas do século XX por nomes como Marc Ferrez, Georges Leuzinger, Revert Henrique Klumb, Augusto Malta, Charles Landseer, Jean-Baptiste Debret, Johann Moritz Rugendas, J. Carlos e outros. Entre os principais temas abordados, estão: paisagens naturais e urbanas; retratos; expedições; o trabalho forçado de pessoas escravizadas; povos indígenas; desenvolvimento urbano; arquitetura; manifestações populares; política e cartografia.

Muitas instituições nacionais e internacionais já disponibilizam parte de seus acervos em domínio público para download. Entre elas, é possível citar: Arquivo Nacional; Arquivo Público do Estado de São Paulo (Apesp); Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (USP); Biblioteca Nacional; Museu de Arte de São Paulo (Masp); Museu Paulista; Pinacoteca de São Paulo; New York Public Library; Biblioteca do Congresso (EUA), Rijksmuseum (Holanda); a rede de museus Smithsonian; e o The Metropolitan Museum of Art de Nova York. Nesse sentido, o IMS também vem somando esforços para oferecer ao seu público arquivos de qualidade, sem burocracia, ampliando seus usos e difusão.

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