Música

A Fundação Osesp, responsável pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp, acaba de anunciar o início do segundo semestre de atividades do programa Sala São Paulo Acessível, que promove recursos de acessibilidade comunicacional (audiodescrição e Libras) em diversas apresentações artísticas e educacionais em sua sede, a Sala São Paulo. O objetivo da agenda, que tem patrocínio da Colgate-Palmolive, é assegurar que pessoas com deficiência tenham acesso a música e ao Complexo Cultural Júlio Prestes – onde está localizada a Sala São Paulo (foto) –, um dos patrimônios culturais da cidade de São Paulo. A entrada é gratuita para pessoas com deficiência visual e auditiva e extensiva a um acompanhante.

A programação é composta por 15 apresentações sinfônicas, recitais e corais dos grupos artísticos da Osesp, e um concerto da Brasil Jazz Sinfônica, que serão realizados entre os dias 6 de julho e 20 de dezembro. Os Concertos Acessíveis oferecem às pessoas com deficiência visual e baixa visão uma audiodescrição do espaço e da organização da orquestra por meio de rádios fornecidos pela Ver com Palavras, empresa parceira do programa. O recurso é simultâneo e ao vivo, trazendo informações relevantes à experiência de assistir a um concerto na Sala São Paulo. Algumas datas contam também com um intérprete de Libras próximo ao palco.

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Teatro

Em sua busca por evidenciar o terror da violência racial presente na sociedade brasileira, o diretor e dramaturgo José Fernando Peixoto de Azevedo vem há anos trabalhando com o conto “Pai Contra Mãe”, publicado por Machado de Assis, em 1906. Assim, nasceu o solo Ensaio sobre o Terror, que faz sua estreia no Teatro Aliança Francesa, em São Paulo, no dia 28 de julho de 2023 e segue em temporada até 10 de setembro, com sessões às sextas e sábados, às 20h30, e, aos domingos, às 18h30.

A cena lida com o modo como Machado aborda o espancamento e a captura de uma mulher negra na rua. O público tem notícias de um casal branco, muito branco, como indicam seus nomes – Cândido e Clara Neves. Os dois são pobres e, por isso, Cândido vive de pequenos bicos. Um deles é o de caçar escravizados fugidos.

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Que barreiras existem em nossa comunicação com o outro? Questões como esta norteiam a criação de O Dragão Dourado, da trupe à grega, que estreia no dia 28 de julho, no Teatro Alfredo Mesquita. O espetáculo segue em cartaz por lá até 20 de agosto, com apresentações às sextas e aos sábados, às 21h, e aos domingos, às 19h, e, depois disso, tem novas sessões no Teatro Arthur Azevedo, entre 31 de agosto e 10 de setembro, de quinta a sábado, às 20h, e aos domingos, às 18h.

Com dramaturgia premiada mundialmente de Roland Schimmelpfennig, a peça é uma tragicomédia que discute a exclusão. A partir do recorte da comunicação como fronteira basilar em relações de poder, Dagoberto dirige um elenco composto por cinco atores ouvintes e uma atriz surda para falar sobre a invisibilização social.

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Literatura

Entre os dias 26 e 31 de agosto, o Sempre um Papo, um dos projetos literários mais longevos do país, recebe autores do Grupo Autêntica em Belo Horizonte. O destaque fica por conta do encontro entre Felipe Charbel e o escritor e jornalista Carlos Marcelo, editor do caderno Pensar. Ambos conversam sobre Saia da frente do meu sol, de Charbel, publicada pela Autêntica Contemporânea. Em seguida, tem início a sessão de autógrafos. O evento também faz parte das comemorações de 20 anos da Livraria Quixote.

A programação ainda terá João Cezar de Castro Rocha e Vladimir Safatle.

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Entre os lançamentos da Todavia de agosto, destaque para As pequenas chances, de Natalia Timerman, que segue a trilha de autores como Karl Ove Knausgård e Annie Ernaux ao criar um poderoso retrato do luto e do amor. Enquanto aguarda um voo, Natalia encontra o médico de cuidados paliativos que atendeu seu pai, Artur. A conversa desperta nela toda a experiência da perda, ainda próxima e repleta de cicatrizes. Artur era médico, então a notícia da volta do câncer vem seguida da certeza da finitude. A morte vira um assunto de família, e acompanhamos com rara delicadeza não apenas o seu declínio físico, mas seus efeitos na vida dos filhos, da esposa e dos netos. À narradora cabe reconstruir todo esse caminho que, embora dramático, vem carregado pela ternura da memória. Natalia Timerman nasceu em 1981, em São Paulo. Publicou, entre outros, Rachaduras (Quelônio, 2019), finalista do prêmio Jabuti, e Copo vazio (Todavia, 2021).

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“O menino do Bazar de Tabriz”, do iraniano Hossein Movasati, que está sendo lançado pela Folhas de Relva Edições, é um livro sobre lembranças, histórias e saudades. Lembranças de uma vida atribulada no Irã, que agora existe – e persiste – apenas nas palavras do jovem Hossein, autor, narrador e criador; histórias de um garoto que encara os perigos da guerra, das revoluções e da religião com um olhar inocente, delicado e bastante atento; saudades – muitas e muitas saudades – da mãe orgulhosa do vencedor mirim das olímpiadas da matemática, que se tornaria um grande matemático, talvez para sentir novamente o amor incondicional da mãe, mesmo que fosse apenas em ausências e sonhos.

Hossein, além de nos presentear com os fragmentos e fragrâncias de suas memórias até os quinze anos, também concebe este livro para passar seu legado ao filho Omid, que não apenas o recebe, mas cria e amplia esses fatos e sensações através das suas despretensiosas, porém poéticas, ilustrações.

Hossein Movasati é pesquisador do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), que fica no Horto do Rio de Janeiro. Chegou ao Brasil em 2 de janeiro de 1998, saindo de um frio de – 20 graus de Tabriz, no Irã, sua terra natal, e aportando no calor de 40 graus do Rio – ele acha que demorou mais tempo para superar o choque térmico do que o choque cultural. Em 2000 fez doutorado nesse mesmo instituto e, depois de fazer pós-doutorado na Alemanha e Japão, voltou para o Brasil em 2006. Publicou vários livros de Matemática em inglês. Este é seu primeiro livro não matemático e em português.

Patrimônio

De 1 a 5 de agosto, Paraty (RJ) vai sediar o 10º Encontro Brasileiro das Cidades Históricas, Turísticas e Patrimônio Mundial da UNESCO, em torno de temas vitais como preservação de patrimônio, turismo sustentável e economia criativa.

O Brasil tem 23 sítios e monumentos históricos reconhecidos pela UNESCO como Patrimônio Mundial. Na primeira semana de agosto de 2023, de 1 a 5 (terça a sábado), representantes de todas essas localidades estarão reunidos em Paraty, para o 10º Encontro Brasileiro das Cidades Históricas, Turísticas e Patrimônio Mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura).

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Cinema

Em 1982, as cineastas e militantes francesas Delphine Seyrig, Carole Roussopoulos e Ioana Wieder fundaram o Centro Audiovisual Simone de Beauvoir (CaSdB), em Paris. O intuito era preservar e difundir o extenso material realizado por coletivos audiovisuais feministas desde o final da década de 1960, além de produzir e distribuir novos títulos. Entre filmes históricos e contemporâneos, o centro reúne um amplo acervo, que inclui desde registros de conferências feministas e greves de trabalhadoras até obras que tratam de temas como aborto, democracia, prostituição e estereótipos televisivos.

Desde quarta-feira (26 de julho), o Cinema do IMS Paulista exibe a maior retrospectiva deste acervo já realizada no Brasil, intitulada Arquivos, vídeos e feminismos: o acervo do Centro Audiovisual Simone de Beauvoir. Nos meses de julho e agosto, a mostra apresenta 23 filmes, e prossegue até o fim do ano, com novos programas mensais.

Grande parte dos filmes exibidos foi produzida na década de 1970, num contexto de emergência de equipamentos de captação de imagem portáteis. Com essas pequenas câmeras, os coletivos feministas passaram a criar suas próprias narrativas, utilizando o audiovisual como ferramenta de mobilização e difusão de suas lutas.

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A produção de cineastas indígenas brasileiros está em foco no 34º Curta Kinoforum – Festival Internacional de Curtas de São Paulo, que acontece até 3/09, em diversas salas da capital paulista, com entrada gratuita.

Olinda Tupinambá, Priscila Tapajowara e Takumã Kuikuro, três expoentes dessa cinematografia, exibem retrospectivas de suas carreiras na seção Foco do evento, intitulada “Questão do Céu e da Terra” e composto por 13 curtas. Eles participam também de encontro sobre suas carreiras, agendado para 28/08, às 18h00, na Cinemateca Brasileira.

O festival exibe ainda outros dez títulos dirigidos por indígenas ou sobre os povos originários brasileiros.

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