* Por André Sesso *

Cotidiano ritmado, André era uma criança de rotina, todo dia acordava às 6h da manhã, fazia manha e pedia 5 minutos de compaixão para permanecer na cama. Levantava mal-humorado, lavava o rosto, comia sua banana, sua maçã, e o lanche composto de pão de forma e mussarela derretida, a mesma coisa todo dia. Quando algo saía de seu ritmo da manhã, já estranhava, como o dia em que sua mãe teve que preencher uma tal rematrícula e ao entregar na secretaria da escola o senhor que atendia disse que faltava completar a lacuna do sexo do aluno. André já tinha ouvido essa palavra, não lembrava onde, mas era frequente esse som, “sexo”. André perguntou a sua mãe: “o que é sexo?”, a mãe de André respondeu precisamente que é o local na ficha de rematrícula que diz se o aluno é menino ou menina. André compreendeu o que ela dissera, entretanto não foi uma resposta suficiente pra saciar sua curiosidade de descobrir o que significava. Entrou na aula, que na realidade é socialmente conhecido como correria, gritaria e crianças babadas em massa. No momento que teve oportunidade foi atrás da professora para perguntar o que era sexo. A professora hesitou e disse “é coisa de adulto”. André assumiu com expressões faciais o quão confuso estava. A professora percebeu que a resposta não contentou André e disse enquanto pensava em sua melhor resposta “sexo é quando o papai ama muito a mamãe e ele planta uma sementinha na barriga da mamãe”. André achou esse mundo dos adultos muito estranho. Melhor não comentar. Foi pra casa, almoçou, comeu laranja, separou as sementes e foi correndo para o jardim, voltou para casa sujo de terra, sua mãe surpresa indagou “por que está todo sujo André?”. Ele estava feliz de ter plantado seu futuro pé de laranja. Disse “estava fazendo sexo”.

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André Sesso tem 16 anos, foi aluno da oficina de escrita do nosso editor Alexandre Staut, na Casa das Rosas, no semestre passado

 

 

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