L eia três poemas do livro Vou comer brilhantes para ver se quebro um dente, recém-lançado pela atriz Paula Cohen:
Histeria
um giro espetáculo
de oitocentos graus
abaixo da linha dos meus trópicos
a terra dos meus falópios
de trompas em tortas doces
de tombos
em saltos mórbidos
altos voos
sórdidos
sem redes de proteção
e a ameaça dos seus gritos mudos
em meu fone de ouvido
deslizando
em um guardanapo qualquer
relato de uma vítima do amor
pedaço de papel
embebido em algo fermentado
usado para limpar
saudades liquidas derramadas
gotas de veneno salgado
que brotam
nos olhos
no lado esquerdo da alma
e em outra partes
mais úmidas
de mim
andando pelos restos da madrugada
uma Doroti
em um caminho de pedras pretas
descascadas por dentro
***
Estrada
o ar está impróprio
o mar longe
as horas giram rápido
a grana é curta
a curiosidade é enorme
a festa nunca acaba
a escrita é solitária
o amor nos aproxima
a conta é sempre alta
o bar esta sempre aberto
a crise é bem mais funda
os pés se amornaram
o silêncio é necessário
o segredo é dos que guardam
a vontade é imperativa
o desejo é amplo e vasto
os olhos nos revelam
a fome nos derruba
os sonhos nos libertam
o caminho é singular
a morte nos espera viver
***
Fauna de asfalto
calcinha de zebra
cinto de onça
lenço de cobra
meia furada
não alimente as pombas
cuidado!
perigo!
*
Paula Cohen é atriz. A coletânea de poemas Vou comer brilhantes para ver se quebro um dente (Editora Laranja Original) é sua estreia no mundo dos livros
Na foto de Juliana Carrascoza, Paula Cohen com a atriz Cléo de Páris