Quem é Jardel? Um sujeito de análise que ao longo de trinta e quatro anos aprendeu a erotizar a dor das rejeições e traumas sofridos na infância e que foi sublimando tais acontecimentos por meio da arte da atuação; a palhaçaria e a literatura.
Quais são os cinco livros da sua vida?
– O silêncio da chuva, de Luiz Alfredo Garcia-Roza
– O deus das pequenas coisas, de Arundhati Roy
– O olho mais azul, de Toni Morrison
– Da Prosa, de Hilda Hilst.
– Nenhum Olhar, de José Luís Peixoto
Qual livro da literatura brasileira ou mundial você gostaria de ter escrito? Não só tive vontade como escrevi. Guardado na nuvem, que saiu pela Folhas de Relva Edições (2023), é este livro. Na cronologia, esta é a quarta história que criei, a única que se transformou em um romance em formato físico graças à paciência de Jó que o Alexandre Staut teve para me apoiar em todo esse processo caótico e doloroso de parto.
Qual livro você ainda quer escrever? Um sem-número de ideias ficam fermentando em minha cabeça o tempo todo, todos os dias. Não raro eu abro o bloco de notas e escrevo o fragmento de alguma cena que a meu ver tem potencial para se transformar em uma trama longa. A resposta para esta pergunta jamais poderia ser entregue no singular, quero escrever muitos livros e nas minhas histórias uma coisa é certa: todo o amor, todo o ódio, os prazeres, os medos e as paixões são elementos cuidadosamente desenterrados no meu quintal – alguns totalmente fictícios, outros completamente reais.
Por que escrever? Porque como diz o meu amigo escritor Pedro Gontijo: é preciso fazer alguma coisa com isto, se não quisermos que isto faça alguma coisa com a gente. Escrever é uma maneira de elaborar a nossa própria existência por meio das experiências radicais que delegamos aos personagens. Criar uma história é fazer o laborioso trabalho de dar conta desta realidade nua e crua que por muitas vezes nos escapa em seus significados mais profundos. Escrever é por último e não menos importante, um excelente exercício para fazermos as pazes com o nosso passado.
