Teatro

Referência na discussão antirracista, o romancista, ensaísta, dramaturgo, poeta e crítico social estadunidense James Baldwin (1924-1987) teve muita importância na rede de formação da intelectualidade negra nos Estados Unidos. Suas ideias reverberam até hoje e, por isso, os atores Izabel Lima e Fernando Vitor se debruçaram sobre seus textos para criar o espetáculo James Baldwin – Pode um Negro Ser Otimista?, que estreia no dia 21 de agosto de 2023, às 19h em duas partes. No Auditório da Biblioteca Mário de Andrade (R. da Consolação, 94 – República) será apresentada a Parte 1 – É a Inocência que Constitui o Crime com temporada até o dia 04 de setembro. Depois, na sala multiuso do Teatro Arthur Azevedo (Av. Paes de Barros, 955 – Alto da Mooca) entre 14 de setembro e 1º de outubro, serão apresentadas as duas partes – a Parte 1 mais a Parte 2: Será Preciso Salvar os Brancos? totalizando 20 sessões gratuitas.

*

Em comemoração a seus 18 anos de trajetória, o grupo de humor As Olívias reafirma sua parceria com a autora e diretora Michelle Ferreira na comédia Mulher, Imagina!, que teve sua temporada de estreia no Teatro Sérgio Cardoso e agora segue para uma curta circulação em teatros da prefeitura: Teatro Cacilda Becker – Rua Tito, 295, Lapa (30 de agosto, às 21h); Teatro Paulo Eiró – Avenida Adolfo Pinheiro, 765 – Santo Amaro (31 de agosto, às 21h); Teatro Arthur de Azevedo – Av. Paes de Barros, 955 – Alto da Mooca (01 de Setembro, às 21h) e Teatro Alfredo Mesquita – Avenida Santos Dumont, 1770, Santana (6 de setembro, às 21h).

*

A Revista de Teatro da Sbat (Sociedade Brasileira de Autores Teatrais) está de volta. Prestes a completar 100 anos de história, a publicação é a mais antiga revista especializada em teatro do país e volta a circular este mês em formato virtual e impresso.

Com 530 números publicados entre 1924 e 2012, a revista terá suas duas próximas edições com foco na relação entre teatro e universidade. “Apesar de marcar a história do teatro brasileiro do século XX, essa ligação ainda é desconhecida por muita gente, em especial pelas novas gerações de autores, atores, atrizes e produtores da cena teatral do país”, observa Vera Novello, coordenadora editorial da revista.

*

Cinema

O documentário musical “Elis & Tom, Só Tinha de Ser Com Você”, dirigido por Roberto de Oliveira, terá uma sessão especial na Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio de Janeiro. O evento exclusivo para acadêmicos e convidados acontece nesta quinta-feira, 17 de agosto, no Teatro Raimundo Magalhães Jr.

“Elis & Tom, Só Tinha de Ser Com Você” estreia exclusivamente nos cinemas brasileiros em 21 de setembro, com distribuição da O2 Play. O longa-metragem teve as suas primeiras exibições no Festival do Rio 2022 e na 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo – neste último, ganhou o prêmio da crítica de Melhor Filme Brasileiro. Em maio de 2023, a produção foi exibida a importantes players em um market screening no Marché du Film do Festival de Cannes, grande evento do mercado cinematográfico internacional. O filme também já passou pelo Festival de Cinema Brasileiro em Lima (Peru), Festival de Cinema Brasileiro em Paris (França) e In-Edit 2023 (Brasil).

*

Literatura

Considerado por Frank Wedekind o seu melhor texto teatral, Marquês de Keith, peça escrita em 1899 e montada no ano de 1901, foi concebida a partir da reelaboração de uma série de criações anteriores do autor, que chegou a participar de uma trupe circense e a escrever poemas e canções para o cabaré alemão conhecido como Onze Carrascos.

 Marquês de Keith, o protagonista pequeno-burguês que dá nome à peça, almeja usufruir das vantagens de um título de nobreza autoatribuído. No entanto, sua obsessão calculista e seu pendor por uma “estética do brega” destoam de tal aspiração aristocrática. Não à toa, seu grande projeto é a construção do Palácio das Fadas, uma espécie de cabaré ou teatro de variedades, que procura alcançar o espírito da nobreza e do moderno, e que, no entanto, mais se aproxima do kitsch. Escrito em uma época já chacoalhada pelos levantes de 1848 e pela Comuna de Paris, mas visto pelas lentes de uma Alemanha ainda parcialmente feudal, este texto também traz, em contraste com seu protagonista, a figura de Ernst Scholz, personagem nobre que, mergulhado em uma profunda crise ética, e já desacreditado de qualquer virtude da nobreza, se dirige ao Marquês em busca de uma formação epicurista. Segunda peça de Frank Wedekind publicada pela editora Temporal, a edição conta com tradução inédita, prefácio e notas de Vinicius Marques Pastorelli.

 *

O novo livro do premiado autor André Kondo demorou vinte anos para ser escrito e lançado, representando uma viagem pelo mundo realizada em 2003. Publicado pela Telucazu Edições e Biografar, No Meio do Mundo: As viagens de Teru e Kazu é um livro de não ficção que relata um périplo em busca do sagrado, que poderia ser considerado uma peregrinação de fé, não fosse também uma jornada filosófica.

 Os protagonistas da obra, Teru e Kazu, são irmãos gêmeos apenas na aparência. Filhos de imigrantes japoneses no Brasil, carregam no rosto o olhar do Oriente. Mas e por dentro? Teriam nascido como uma Tábula Rasa como proposto pelo filósofo John Locke, tendo então crescido como autênticos brasileiros? Ou ainda escutariam dentro de si os sinos dos templos xintoístas? Ou os sinos da igreja na qual foram batizados teriam silenciado a religião de seus ancestrais? Brasileiros ou japoneses? Para além de fronteiras e nacionalidades, o que realmente importa para ambos é encontrar a resposta para esta pergunta: quem somos?

*

Na peça Crucial Dois Um, estreia de Paulo Scott como dramaturgo, o escritor tece um universo dividido por muros intransponíveis, regido pela disputa econômica por água potável. A trama ganha contornos distópicos quando somos apresentados ao programa Retorno Vinte e Um, cujo objetivo é proporcionar 21 horas de sobrevida para que sua seleta clientela possa atender pendências burocráticas, profissionais e pessoais. É nesse cenário de fronteiras morais e éticas esgarçadas que acontece o encontro entre duas pessoas que tentam preservar suas dignidades em uma sociedade cuja única premissa parece ser a manutenção do poder.

 A edição, que tem prefácio e posfácio da dramaturga e diretora Inez Viana e da escritora Veronica Stigger, respectivamente, tem capa do designer André Victor, a partir de obra da artista Carla Santana.

 A peça foi contemplada no Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz em 2006 e finalista do Prêmio Açoriano de Teatro em 2007. Crucial Dois Um é mencionada no romance de Scott Habitante irreal. A edição é da Cobogó.

Tags: