*Da redação *

Um certo nascer ali (Editora Paraquedas), lançamento de Moacyr Vergara de Godoy Moreira, é um um convite ao debate para os tempos pós-pandemia. Em narrativas híbridas de gênero, como expõe o escritor Ronaldo Cagiano no prefácio, Moacyr oscila em uma “tênue fronteira entre o conto e a crônica, pois habilidoso escultor, o escritor constrói uma tessitura que funde realidade e ficção, cujo resultado culmina numa epifania de linguagem”.

Por ser médico da linha de frente durante os anos de pandemia, ele esteve exposto ao cotidiano da morte e do desespero, diante de um governo central omisso. Isso o levou a olhar mais profundamente as contradições do ser humano. Moreira analisa de perto personagens que sobrevivem às mais diversas intempéries; mazelas e alegrias que nos caracterizam como cidadãos pouco afeitos ao voto e muito pouco educados politicamente. Para escrever este livro, o autor conta: “Procurei refletir sobre o que nos faz brasileiros, este ‘certo nascer ali’ que nos define e por outro lado nos condena a uma certa imobilidade, um redemoinho que nos leva mais ao fundo do poço que a algo mais luminoso, na maior parte das circunstâncias”.

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Em A cultura do narcisismo, originalmente em 1979 e agora publicado no Brasil pela Editora Fósforo, o historiador Christopher Lasch parte do conceito psicanalítico de narcisismo para destrinchar a relação entre indivíduo e sociedade, sintetizando o que rege os tempos contemporâneos. Segundo o diagnóstico de Lasch, os indivíduos perderam o vínculo entre si, fosse ele o pertencimento à família tradicional ou a grupos políticos e movimentos sociais, para dedicar-se cada vez mais ao próprio bem-estar.

 A cultura do narcisismo parte da origem do movimento de autoconsciência e autocuidado nos anos 1970, passa pela ética protestante, que persegue o sucesso profissional e celebra a figura do self-made man, até chegar em discussões que só se intensificaram nas últimas décadas, como a da responsabilidade pela educação dos cidadãos; a degradação do espírito esportivo, que deu lugar ao culto a atletas celebridades; a fuga de sentimentos e vínculos afetivos e a teatralização da política. Ao circundar essas esferas sociais, Lasch mostra que a personalidade narcísica corrói a possibilidade de um presente satisfatório e gera uma visão desesperançosa do futuro.

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Enquanto grupos de poderosos batalham para ganhar controle sobre o território ancestral de Pukarani, o mundo entra em desequilíbrio e ameaça a existência da humanidade. Um acidente ecológico conecta os jovens Sadhu, Poti, Toscha e Kharis que passam a vivenciar o conflito entre diferentes visões políticas e formas de viver ao investigar o envolvimento de organizações transnacionais com o corrupto governo local. este é o mote do romance young adult de Fabiano Martucci, que sai pela Folhas de Relva edições, braço editorial da revista São Paulo Review.

Fabiano Martucci nasceu em 1988 em Caraguatatuba, litoral de São Paulo, cresceu na capital do Estado, viveu na Índia e na Itália; tualmente reside em Augsburg, Alemanha. Desde seus 20 e poucos anos, vem colaborando com diversas organizações e governos em projetos e atividades políticas e sociais. Fabiano é especialista em Planejamento e Gestão de Cidades pela Poli/USP e mestre em Políticas Públicas e Sociais pela Universidade de York. Em 2021, foi eleito conselheiro da cidade de Augsburg com relação a políticas de integração, migração, e asilo e posteriormente indicado ao conselho municipal de governo digital. Atualmente, trabalha coordenando projetos culturais e sociais para as ONGs Grandhotel Cosmopolis e.V. e ZAM e.V. É professor de yoga e escritor.

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Músico, compositor e produtor cultural, Zé da Flauta também é um bom contador de histórias. Tempos psicodélicos e outros tempos, a ser lançado pela Cepe Editora, comprova tal habilidade. No livro, ele conduz o leitor a fatos importantes da música pernambucana ocorridos nos últimos 50 anos. Alguns dos momentos já mereceram dissertações e teses, mas o autor faz o resgate com diferencial de quem participou ativamente deles, de maneira leve e, às vezes, com uma pitada de humor. O lançamento será no dia 10 de março, às 19 horas, na loja Passa Disco, Espinheiro, Recife.

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No dia 11 de março, a importância da literatura para a infância e juventude será abordada na mesa “Literatura Infantojuvenil: criando imaginários de mundos”, às 10h30, na Biblioteca Monteiro Lobato. O debate contará com a presença dos autores Kiusam de Oliveira, Fábio Monteiro e Thaís Sanches, representante da Fundação Bernard Van Leer, que atua na difusão de bibliotecas para a primeira infância, além de Lígia Jalantonio, representante da Secretaria de Cultura do Município de São Paulo. Com mediação de Patrícia Cretti, o bate-papo promoverá discussões sobre como as políticas públicas de acesso à leitura são fundamentais para a democratização do acesso à educação, arte e cidadania.

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Observando o crescimento e a popularidade dos podcasts, ainda em 2019, a equipe de biblioteca da Fábrica de Cultura Diadema resolveu entrar neste universo com o podcast PodTudo!Podtudo?, que já está em seu 33º episódio ampliando os debates sobre literatura, universo LGBTQIAP+ e feminismo. A iniciativa faz parte do programa Fábricas de Cultura, da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e gerenciado pela Poiesis.

Publicado mensalmente no perfil das Fábricas de Cultura no SoundCloud, os episódios tem apresentadores rotativos e contam com a participação de funcionários de outros setores das Fábricas e externos, como no episódio 30: Dezembro Vermelho, que recebeu Audre Werneck, educomunicadora na Agência Educomunicativa PositHIVa, para falar sobre a importância das campanhas de saúde sexual, os preconceitos e dados atuais a respeito do vírus HIV, da Aids.

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O bairro do Bixiga se transforma em um ponto de encontro de contação de histórias e leitura entre os dias 19 de março e 18 de junho de 2023, sempre aos domingos. É quando ocorre a 3ª edição do projeto No Bixiga tem Leitura, uma iniciativa da Cia A Hora da História, dirigido pelas atrizes e contadoras de histórias Camila Cassis e Natália Grisi.

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A organizadora da Feira Nacional do Livro de Poços de Caldas e do Festival Literário Internacional de Poços de Caldas (Flipoços), GSC Eventos, anunciou nesta terça-feira (7) mudanças para as próximas edições. A Feira Nacional não irá mais acontecer em 2023, voltando em 2024 com nome diferente: Bienal do Livro do Sul de Minas. Já o Flipoços continua com a edição de 2023, agora de 3 a 7 de maio, no Teatro da Urca de Poços de Caldas. Os dois eventos aconteciam ao mesmo tempo.

Segundo a GSC Eventos, a decisão foi tomada em conjunto com a prefeitura da cidade e com outros parceiros. “Apesar da conjuntura política atual trazer bons ares e uma perspectiva positiva de retomada do setor cultural do País nos esperançando com a volta da Cultura em sua plenitude, o tempo que dispomos para a captação de recursos necessários não foi suficiente para acreditarmos que daria para realizar a Feira e o Festival no formato que nos propusemos para a edição de 2023”, diz o comunicado.

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A galeria Gomide&Co inaugura sede na Avenida Paulista, com um espaço de 600 metros quadrados no térreo do Edifício Rosa, inteiramente reformado pelos premiados arquitetos da Acayaba + Rosenberg.  A abertura aconteceu ontem e lotou a casa, com a individual de Lenora de Barros (foto), “Não vejo a hora”.

 

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