Literatura

Pode me chamar de Fernando, o novo livro de Wesley Barbosa (foto), traz uma reflexão profunda sobre como as experiências de vida podem impactar a formação de um indivíduo, destacando a relevância das vivências pessoais na construção da identidade. Através da história de Fernando, mergulhamos em suas lembranças dolorosas da infância, que desempenharam um papel significativo em sua jornada como escritor. A narrativa de Wesley Barbosa nos leva a conhecer as memórias de Fernando de forma realista, onde ele fala sobre suas dores e traumas, expressando suas emoções e contando suas experiências passadas.

Em seu quinto livro, só agora publicado por meio de uma editora comercial, a Numa, Wesley nos leva a descobrir como as memórias moldaram a identidade do protagonista e despertaram sua paixão pela escrita como uma ferramenta poderosa e descomplicada para superar desafios e encontrar autenticidade. É um convite à reflexão sobre a importância das vivências pessoais na construção de nossa identidade e encontrar significado em nossa jornada.

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Após um acontecimento trágico, Leonel é forçado a abandonar o emprego em sua cidade natal e refugiar-se na pequena propriedade rural do seu avô, envolta pelos sítios arqueológicos da Serra da Capivara. A abertura da caixa de memórias do seu avô, encravada em solo pré-histórico, é o fio que conduz a dilemas universais sobre o tempo, a memória e a finitude, em meio às profundezas das vastas e belas solidões das paisagens do interior do Brasil.

Numa escrita que se equilibra entre a vertigem e a ternura, A caminho do centro da queda” (Hecatombe), de Flávio Luis Sousa, expõe as contradições históricas de um país, ao mesmo tempo em que revela uma espécie de arqueologia íntima de errâncias e sonhos.

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Em comemoração a uma década de atividades, está em cartaz na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP a exposição Uma biblioteca viva – BBM 10 anos com o objetivo de mostrar um recorte de sua coleção de obras raras. Ao longo de nove expositores e duas vitrines laterais estão exibidas diversas obras de grande relevância, consideradas essenciais para conhecer o acervo, com cerca de 32 mil títulos e 60 mil exemplares. A exposição fica em cartaz até 15 de setembro, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 18h30.

O público poderá acompanhar livros da coleção de José Mindlin e de Rubens Borba de Morais, os dois principais bibliófilos que doaram suas coleções para a BBM. Os nove expositores têm livros relacionados aos três eixos principais do acervo BBM: livros de literatura, livros como objeto de arte e livros de viajantes. A sessão de literatura está dividida em: livros infantis, modernismo e a coleção de primeiras edições de Machado de Assis.

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As 904 páginas do primeiro volume de Inferno e danação, de Aaron Salles Torres, são um mergulho vertiginoso na vivência do próprio autor, que envolve ameaças de morte, tentativa de execução, exposição ilegal, desaparecimento/ prisão, tortura, violência policial e psicológica, fraude processual, Transtorno do Estresse Pós-Traumático e equívocos narrativos do judiciário e da imprensa nacional.

O autor, no entanto, deixa claro que não se trata de uma autobiografia. “O livro está registrado como ficção científica e a provocação ao leitor é ele discernir fato de ficção. Muitos perderam essa habilidade em nossa era ‘pós-moderna’. Digamos que seja um livro ficcional a partir de fatos”, diz. Para o livro, o autor, portanto, criou personagens fictícios baseados em personalidades reais. No caso, ele se centra no relacionamento abusivo de Francisco e João Bosco, entre 2019 e 2021, tendo como entorno a história recente do Brasil, a caminhada para o fascismo da recém-terminada gestão de Jair Bolsonaro na Presidência da República, a chegada e os efeitos da pandemia de covid-19 e, ainda, questionamentos filosóficos sobre o momento atual da arte e da cultura da globalização, o chamado “pós-modernismo”.

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Apanhadora de pássaros (editora Instante) traz a ambivalente amizade entre duas mulheres negras, ambas artistas. Nele, Gayl Jones tece reflexões necessárias sobre criatividade feminina, papéis de gênero e as vicissitudes da natureza humana. Ambientada sobretudo em Ibiza, com passagens que têm como cenário os Estados Unidos, o Brasil e Madagascar, a história é narrada por Amanda Wordlaw, escritora de livros de viagem que acompanha o casal Catherine e Ernest Shuger em suas andanças pelo mundo. Sua missão ao lado deles, assim acredita, é impedir que a talentosa escultora Catherine mate o afetuoso marido Ernest. Catherine é repetidamente internada por tentar pôr fim à vida de Ernest, que ainda assim não a abandona. A narração de Amanda transita entre o tempo em Ibiza e os anos imediatamente anteriores a isso, apresentados ao leitor como um intrigante quebra-cabeça.

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Iti ka bati ka 一か八か é uma expressão japonesa usada quando se assume um risco ousado, com desejo de boa sorte.  Trata-se de um kotowaza, provérbios japoneses muito populares na cultura nipônica, transmitidos por gerações.  Em português, pode ser traduzido como “oito ou oitenta” ou “tudo ou nada”.

Iti ka bati ka – Tudo ou Nada é a primeira obra dramatúrgica publicada por Alice K., diretora, investigadora das artes cênicas e professora do Curso de Artes Cênicas da Escola de Comunicações e Artes da USP, e traz ilustrações do ator e iluminador Bruno Garcia.

O livro, narrado em pequenas cenas – que podem ser pequenos contos também –, foi feito em tempo especial. Dona Azuma, aos 96 anos, sentia que a morte se aproximava. Era pandemia, vai morar com a filha e, nesse encontro diário, é atravessada por lembranças e acontecimentos que irrompem a todo momento.

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De 7 a 30 de julho, o 1º Festival Literário Arena da Palavra vai reunir mais de 40 escritores e autores independentes em uma programação que envolve 20 livrarias de rua da cidade. São atividades de sexta a domingo. Cada livraria vai receber dois convidados por dia – entre autores e livreiros –  para realizar debates abertos ao  público sobre assuntos do mundo da literatura/livros ou sobre obras previamente selecionadas.

Programação reúne a poeta macuxi Sony Ferseck Wei, o autor Ferréz e o escritor e jornalista Xico Sá, entre outros. Com a ideia de esquentar o cenário das independentes, vai homenagear o dramaturgo e escritor Plínio Marcos, a livreira Cida Saldanha e a editora Gita K. Guinsburg.

 Autores visitam as livrarias e escolhem os títulos de que mais gostam para debater com o público. Entre as atividades, a programação também inclui lançamentos de livros. Como a literatura também circula na periferia, o evento traz na programação 5 batalhas de SLAMS e uma final.

 Veja programação no site do evento.

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Arte

Hoje, quarta-feira, 28 de junho, acontece a abertura da exposição Mira Schendel: Toquinhos, na Galeria Galatea. Mira é uma artista que faz parte da história da arte brasileira e é bastante renomada internacionalmente. A mostra revela a síntese gráfica e plástica da renomada artista suíça radicada no Brasil. Composta por 60 obras da série Toquinhos, produzidas entre 1972 e 1974, a exposição inédita na galeria Galatea apresenta um conjunto expressivo dos trabalhos de Mira Schendel. Após cinco anos, a artista contemporânea tem sua primeira individual no Brasil, acompanhada por um texto crítico da curadora Lisette Lagnado.

Os sócios-fundadores da galeria Antonia Bergamin, Conrado Mesquita e Tomás Toledo estarão recebendo os convidados.

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O Museu de Arte Moderna de São Paulo lança nesta quinta-feira, 29 de junho, o catálogo da exposição Elementar: fazer junto com evento gratuito no auditório do Museu. A publicação reúne ilustrações das obras e textos de Elizabeth Machado, presidente do MAM, Valquíria Prates, curadora convidada, Mirela Estelles, coordenadora do Educativo do Museu, e Cauê Alves, curador-chefe do MAM. Os três curadores participam de uma conversa com o público sobre o conteúdo do catálogo e comentam a exposição, que segue em cartaz até 13 de agosto. O bate-papo terá ainda a participação do Tiago Guimarães, arquiteto que assinou a expografia, e Vânia Medeiros, designer que assinou a identidade visual da mostra.

A primeira parte da publicação apresenta os núcleos da mostra, com imagens de obras representativas de cada um deles, acompanhadas de citações de autores que ajudam a pensar os temas evocados nesses segmentos, como Ailton Krenak, Marilena Chauí, bell hooks, Bruno Latour, Maria Lind, Roland Barthes, Leda Maria Martins, Humberto Maturana, Luiz Antônio Simas, Jacques Rancière, Paulo Freire, dentre outros.

A segunda parte do catálogo, intitulado “Para ler junto”, é composta de ensaios assinados por Cristine Takuá, Paul B. Preciado, Fátima Freire, Antônio Bispo dos Santos e Gandhy Piorski, sucedidos da lista de obras completa da exposição.

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Cinema

Entre 30 de junho e 9 de julho a Cinemateca Brasileira e a Fundação Japão, apresentam uma seleção de filmes que destaca a força e a variedade do cinema japonês contemporâneo, exibido alguns dos maiores sucessos do país nos últimos anos.

São filmes dirigidos por veteranos como Takahisa Zeze, que constrói um thriller cujo pano de fundo é o Grade Terremoto de Tōhoku em In the Wake (2021), e Tetsu Maeda, com o leve drama familiar And So The Baton is Passed (2021), além de cineastas iniciantes com estilos ousados, como Kohei Yoshino e sua abordagem que mescla live-action e animação para retratar a indústria de animês em Anime Supremacy! (2022). Dois filmes dirigidos por Keisuke Yoshida serão exibidos na mostra, Blue Intolerance, ambos de 2021 e permeados de situações que exploram a complexidade das relações humanas, enquanto o suspense Lesson in Murder (Kazuya Shiraishi, 2022) revela uma trama de manipulação entre um serial killer e um jovem de seu passado. Todas as sessões são gratuitas e os ingressos são distribuídos uma hora antes de cada sessão.

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Música

O Conservatório de Tatuí – instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, gerida pela Sustenidos Organização Social de Cultura e considerada a maior escola de música e artes cênicas da América Latina – está com inscrições abertas para o 5º Processo Seletivo de Estudantes 2023. Há vagas para vários cursos gratuitos nas áreas de Educação Musical, Artes Cênicas e Música Erudita na Sede e no Polo São José do Rio Pardo. As inscrições poderão ser feitas do dia 21 de junho até 16 de julho para os cursos de Música e para os cursos de Artes Cênicas, de 21 de junho até 28 de julho, pelo site ou na Secretaria Escolar da instituição.

 

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