É com tristeza que a São Paulo Review continua a série colaborativa, entre mais de 30 escritores nacionais bastante conhecidos do público, com homenagens às crianças assassinadas em tiroteios nas comunidades cariocas.

Cada autor escreve sobre uma das crianças vítimas da barbárie.

Asseguramos a qualidade do teor literário dos trabalhos e assim gritamos bem alto com a arma que nos cabe, a da palavra, contra a violência a que estamos vivendo.

***

* Por Micheliny Verunschk *

Quando eu era criança

Borboletas cegavam meninos e meninas

E eles cegos de borboletas

Viam o que ninguém mais poderia:

A luz

O amor que pulsa da luz

O voo leve breve da luz.

 

Hoje balas perdidas nos tiram crianças

O que se quebra nesse voo

Quem restaura?

 

Nenhuma luz nem voo nem cego amor naquele que dispara.

*

Micheliny Verunschk é escritora, autora de O peso do coração de um homem ( Patuá, 2017)

Tags: