* Da redação *

Os lançamentos da Folhas de Relva Edições são de três autores estreantes na poesia, Lorraine Ramos Assis, autora de O duplo refletido; Ubiratan Caetano, autor de Arcano sem nome; e Felipe Castro, que assina Multi-versos aquástricos como FêAquastro.

Em O duplo refletido há a reconstituição de um crime. Através de memórias, imagens, cenários e pistas falsas e verdadeiras, adentramos os sentimentos quase impenetráveis do trauma. Como observa Mar Becker no texto de orelha da obra: “Talvez coubesse dizer que este livro faz o caminho de uma ‘poética-em-estado-de-dodecafonia’. Às vezes, temos a impressão de que se trata de uma linguagem criptografada, ao mesmo tempo familiar e forasteira. Outras vezes, que deveríamos fechar os olhos e ler com a ponta dos dedos – como se, independentemente da plataforma de impressão, Assis fizesse sempre um texto em autorrelevo. Em corpo. Aqui comigo mesma penso que se trata de um livro-conjuro. Como são os oráculos.” Lorraine Ramos Assis (1996) é poeta, resenhista e editora. Foi publicada em diversas revistas/jornais nacionais e estrangeiros, tais como Jornal Cândido, Cult revista, Relevo, Granuja (México) e Incomunidade (Portugal). Colabora para a São Paulo Review.

Arcano sem nome é uma produção poética que dialoga com o cotidiano, com a rua, com a brasilidade e com os mistérios da vida. Assim, o leitor encontrará poemas relacionados não apenas a questões políticas e históricas do Brasil, mas também referentes ao misticismo, à magia, ao sincretismo religioso e profundamente simbólico de nosso país. Além disso, a obra trata de uma apreciação lírica e crítica sobre a contemporaneidade brasileira urbana (como a do Rio de Janeiro, por exemplo), através da qual se apresentam, por meio dos sonetos, haicais e outras formas livres de poema, percepções e observações agudas sobre os tempos atuais tão perturbadores e arbitrários. Desse modo, evoca-se o esoterismo para amplificar a voz do eu lírico e potencializar a relevância de entidades divinizantes e arquétipos místicos presentes nos versos dos poemas deste livro, sem deixar de ponderar os dilemas factuais de todos aqueles que, de alguma forma ou de outra, (sobre)vivem por aqui. Ubiratan Caetano, o autor, nasceu em Porto Alegre (1980). Licenciado em Letras (Português e Alemão) e Mestre em Literatura Comparada pela UFRGS. Concluiu o doutorado em Teoria Literária na UFRJ. Vive atualmente no Rio de Janeiro, onde é professor de língua portuguesa, literatura e redação. É autor da tese A vida é vermelha: para além do limiar da Shoah (Gramma, 2019) e do romance Breves olhos que se movem na neblina (Urutau, 2021).

O livro de Felipe Castro traz reflexões a cerca da água e da palavra, do homem e do escritor. No caminho corrediço que se abre, um reflexo líquido escorre da beira sôfrega de uma pele inundada. Como se uma mesma palavra esbravejasse a mesma intenção, mas em línguas distintas. Líquido e corpóreo, mar e desejo. “Chego à crista palavrondulada, enquanto eu quase afogado, inerte. Traduzido por um espelho que, líquido, desaprendeu a refletir os contornos escritos do meu verdadeiro nome submerso. Desisto, deixo meu corpo sacolejante, mareante no caldo interestelar, se eu pudesse escrevia o céu de mar”, como diz o autor. Ele teve sua obra também lançada em Portugal. Nômade incurável já se autodiagnosticou como viciado em despedida quando lançou o Livro da despedida, em 2019. Hoje tenta se ancorar no mar atlântico de Portugal, mas desde que deixou o Brasil, já viveu na Irlanda, Jordânia, França, Alemanha. Pós-graduado em literatura comparada e outras artes, tem pesquisado sobre a tradução intersemiótica da literatura para o teatro. Já teve poemas publicados em diferentes revistas literárias e antologias.

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