* Por Alvacir Raposo *

O novo livro da atriz e escritora Sônia Bierbard, A poética do caleidoscópio (Folhas de Relva Edições, 2021), revela, ou melhor, confirma a “possibilidade” que as palavras têm de, como que em mágica, assumir novas faces e significados, na verdadeira linguagem que a poesia guarda em si, qual seja; dar um novo sentido às palavras da tribo, no dizer de Mallarmé.

Mesmo porque, o próprio título do livro já nos remete a essa compreensão. Ora, no caleidoscópio, a partir dos mesmos elementos, simplesmente girando-se um tubo, múltiplas imagens são formadas. Alegoricamente, os fragmentos coloridos seriam as palavras, e o girar responde tão-somente às mãos do poeta.

Por outro lado, se atentarmos para o que acontece na música. Mais especificamente no jazz, em que, dado um tema, são construídas, inúmeras variações na arte instigante da improvisação, assim acontece neste livro. Sonia, como se fosse uma instrumentista – mas uma instrumentista da palavra – recorre ao mesmo método. Ela improvisa, dando um novo formato á ideia inicial, sem contudo, tal qual no jazz, burlar a escala prevista. Busca uma nova música. E consegue.

Percebo, também, o caráter intimista da sua poesia. A poeta busca os temas dentro de si. A alma se desnuda na sinceridade dos sentimentos.

Por todos esses atributos, Sônia tem nas mãos as ferramentas da língua, e sabe bem usá-las, na construção dos poemas. E, mais que tudo, traz consigo o mistério que a poesia deve conter.

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SONIA

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Ilustração: Arte metatron: geometria sagrada

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Alvacir Raposo é poeta, membro da Academia Pernambucana de Letras.

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