* Por Daniel Manzoni-de-Almeida *

Parte I: A pré-viagem. Será que vou mesmo?

Quando a minha voz, o meu corpo e os meus desejos sofreram mudanças na adolescência eu tinha pânico ao saber que teria que ir em algumas reuniões familiares com parentes como primos, tios e tias, pois na certa poderiam vir críticas ferinas, comentários maldosos, perguntas constrangedoras sobre meu jeito e minha sexualidade. “Vira homem!” ou “Tomara que você seja escolhido para o exército para tomar jeito de homem” ou pior ainda “Ainda vai dar muita vergonha para família”, gatilhos terríveis de ansiedade que hoje reconheço como sendo violências. Ir a esses espaços, com essas pessoas me despertava uma ansiedade avassaladora, um questionamento negativo sobre mim mesmo se eu estava certo sendo daquela maneira e que depois converteu-se em tristeza, muitas vezes profunda. Foi um período da vida muito esquisito que aos poucos, no decorrer da passagem para a vida adulta, fui despindo as lembranças dessa tristeza e dando contornos opacos a essas memórias. Isso não significa que elas estejam mortas: estão ali domesticadas como cavalos de uma fazenda, presas dentro de um cercado ou baia, que se tiverem estruturas fracas, podem ser rompidas e deixar esses cavalos escaparem. O medo desse tipo de violência me ronda. O medo de ser apontado como errado pela minha sexualidade ainda causa ansiedade. Só quem sente na pele essa vivência sabe como é intensa a eletricidade da ansiedade.

É sobre a marca na pele que quero falar e uma viagem à Turquia…

Eu aceitei fazer uma viagem para Turquia no impulso. Ela estava atrelada à participação em um congresso tradicional realizado a cada dois anos em um país da Europa. Eu já havia participado de outras quatro edições anteriores, em outros países “mais tranquilos”, que haviam me rendido bons frutos profissionais e experiências pessoais incríveis. Eu sempre tive desejo de conhecer a Turquia, principalmente a região da Capadócia e, coincidentemente, era lá o congresso. Na região de São Jorge. Ogum! E eu sou filho de Ogum. Era uma oportunidade única de domar meus cavalos da ansiedade…

A Turquia, por muitos anos desde a sua formação republicana no início do século XX, foi considerada um dos países das vertentes muçulmanas mais abertos e atentos ao mundo, principalmente sobre as questões e direitos das populações LGBT+. Entretanto, nos últimos anos sob o governo Recep Tayyip Erdoğan [1954] a repressão à existência LGBT+ e violação de vários direitos humanos colocou o país em no conjunto das nações mais inóspitas para a vida LGBT+. No último ano, devido à proibição de qualquer manifestação do orgulho LGBT+, dezenas de pessoas militantes foram presas em Istambul por tentarem realizar a parada do orgulho LGBT+. Sob os últimos anos do governo Erdoğan a manifestação pública e defesa do orgulho LGBT+ passou a ser um crime. Assustadoramente, no calor da repressão das manifestações da parada do orgulho LGBT+ em Istambul, um turista português foi preso por dias por estar na hora, lugar errado sob a alegação de “parecer gay”. Ou seja, nos dias que se passaram desde o impulso de aceitar ir ao congresso, os cavalos no meu peito ficaram ainda mais agitados e os gatilhos despertados, transformaram a Turquia naquelas lembranças ansiosas dos encontros desagradáveis com os parentes violentos. Novamente o medo da violência contra mim, pelo ódio a minha identidade sexual, estava posto e fui assaltado por uma ventania forte que agitou ainda mais esses bichos dentro de mim: eu senti desde culpa por ser quem eu sou, passando por um medo paralisante da violência, até uma coragem renovada de que eu precisava enfrentar essa viagem. Nessas horas de coragem me apegava a São Jorge. Toda essa energia despendida e desnecessária (ou necessária como sobrevivência em varias camadas) era pelo fato da minha identidade homossexual. E se eu for preso por me meter na Turquia profunda? E se eu sofrer alguma violência física? E se eu sofrer algum insulto psicológico? Coloco a questão: teria um outro homem heterossexual atiçado, assim, seus cavalos internos pela mesma questão? Esse tipo de preocupação não passa, na certa, na cabeça de um homem cis-heterossexual. Não existe essa etapa, esse desgaste…

Não é crime ser LGBT+ na Turquia como em outros países do eixo muçulmano. Isso já me trazia um alívio. Mas também não há qualquer lei de proteção contra a discriminação. Ou seja, se uma pessoa LGBT+ sofrer qualquer tipo de violência na Turquia, na certa vai ouvir: “Bem feito, quem mandou se meter lá” ou “A culpa é sua por ser afeminado ou por parecer gay”. A solução lógica, então, em vários blogs de viagem que fui lendo pelo mundo da internet era a recomendação para “discrição completa”, ou seja, traduzindo para bom entendedor, que no período da estadia volte para dentro do seu armário para ter uma estadia tranquila e não gerar as violências contra você. Isso para mim era o mesmo conselho tosco para eu não aparentar trejeitos afeminados e não incomodar a existência heterossexual brilhante dos primos e despertar neles revoltas tendo como consequências as agressões físicas e emocionais nas confraternizações familiares. Para mim esse caminho, da volta momentânea e turística para dentro do meu armário como um visto de entrada e boas vindas na Turquia, era impossível de ser tomado. Primeiro por uma questão de coerência com quem eu sou politicamente hoje em não esconder, em qualquer camada ou instância, a minha identidade sexual. Como leitor de Paco Vidarte, o autor de “Ética bixa”, me dizer gay, em primeira instância, é necessário para afirmar minha existência. Em segundo, é fisicamente, no corpo, na carne, na pele, bem aos olhos de todos: eu tenho uma tatuagem, de tamanho mediano, da bandeira gay, o nosso arco íris, símbolo reconhecível mundialmente, da existência gay, na parte interna do meu antebraço. Ou seja, eu tenho uma marca em mim, na pele, intencional, da minha identidade sexual que quem me conhece ao vivo e a cores não deixa de ver. Eu posso não abrir mais a minha boca em dizer que sou gay, eu posso mudar minha estética para não “aparentar” cores e símbolos homossexuais, mas a tatuagem na minha carne diz por mim aquilo que sinto à flor da pele. E quando a fiz foi por esse objetivo: que ela tivesse voz própria antes de mim. Ela fala por mim antes mesmo da minha voz.

Eu fiz essa tatuagem em 2020. É a primeira e, até o momento, a única que tenho. Eu a fiz em um momento importante quando eu estava escrevendo a minha tese de doutorado em teoria literária em que eu trabalhava uma pesquisa profunda em auto-etnografia em que minha subjetividade, história, memórias e experiência com a minha realidade estavam expostas em um engajamento político importante. Ela foi conceitualmente pensada: a bandeira gay com suas extremidades rasgadas e sobre ela o modelo “didático” da estrutura em Y de uma molécula de anticorpo. Sobre a bandeira gay está claro o porquê. Sobre a estrutura da molécula de anticorpo é devido a minha formação científica de base como pesquisador na área de imunologia. O anticorpo é uma molécula produzida por um grupo específico de células de defesa do sistema imunológico e que pode exercer várias funções no nosso organismo. Uma delas é neutralizar a ação de microrganismos que podem causar doenças ou de substâncias tóxicas que entrem no nosso corpo. A parte do anticorpo que se liga aos microrganismos ou as toxinas é a parte da bifurcação do Y e a parte reta, cumprida ou a caudinha do anticorpo serve para se ligar em outras células do nosso corpo, por exemplo. Dessa forma, na minha tatuagem do meu antebraço, a parte da bifurcação está voltada para fora do meu corpo para “neutralizar os preconceitos” e a outra parte para fixá-lo em mim, na minha defesa. Eu sou destro e a tatuagem está feita no meu braço direito. É pela mão do braço direito que escrevo, pelas palavras a minha maior defesa, e é por essa mão que faço o gesto de cumprimento ao estender a mão que puxa o braço e faz a tatuagem falar minha identidade sexual antes que eu abra a boca. Eu a fiz para isso, para ser uma extensão da minha voz e falar para o outro. Mas, no fundo e na verdade, a fiz para mim mesmo. Ela está estrategicamente em uma parte do meu corpo em que consigo vê-la todos os momentos, sem precisar me despir, e antes de dizer ao Outro, diz a mim mesmo quem eu sou, de quem não posso me esquecer. Eu não me marquei para sempre à toa. Ao olhar para ela, na alegria e no desespero, sou invadido pela força da história dos meus iguais. Olhar para ela é quase um ritual antropofágico que faço sentir a energia de milhares que vieram antes de mim e que me possibilitaram ser quem eu sou. Quando a dúvida da viagem bateu, eles me disseram para ir. E no fundo, simbolicamente, é como a espada que São Jorge usava, ela é a minha arma.

Eu estou marcado para sempre por ela. Eu nunca me arrependi de tê-la feito, pelo contrário: gosto da afronta que é tê-la, gosto da ousadia, do desaforo que ela tomou como existência própria. Gosto do incômodo que ela causa quando se coloca perguntas sobre sua existência ou quando se coloca o silêncio após os olhos a fitaram. Ela me ajuda a revelar pessoas de forma tão instantânea que virou uma amiga conselheira. Eu gosto de ver o Outro se revelar quando bate os olhos nela: os olhos, janelas d’alma, dizem tudo. Com função de uma espada, ela faz confessar quando está imposta no meu antebraço em direção ao outro. O São Jorge da Capadócia não escapava das batalhas. Eu como professor que trabalha com questões de diversidade e direitos humanos não poderia escapar a minha…

Por que eu tinha que me meter em um país que vem ferindo os direitos humanos sistematicamente nos últimos anos? Outra hipótese que me vinha era se eu pisar em solo hostil não seria uma forma de ignorar isso e concordar com esse desrespeito? O que escutei, até de forma hostil, do círculo de colegas acadêmicos e progressistas é que eu, ao ir à Turquia, estava contribuindo economicamente com um governo autoritário. Essas mesmas pessoas decidiram não ir ao congresso utilizando esse argumento depois de terem seus pedidos de financiamento das agências públicas de fomento para participarem do congresso negados. Pedidos que haviam realizado desde o inicio do ano, ou seja, com bastante antecedência e consciência. Porém, a questão não é essa agora. É fato inegável que o governo turco não respeita os direitos humanos e tem intensificado o autoritarismo dentro do país reprimindo e prendendo militantes do movimento LGBT+. Eu trabalho com temáticas dos direitos humanos em educação e ensino: seria, realmente, justo eu me furtar a essa oportunidade de discussão em um congresso com a presença de pessoas estudantes e professoras turcas? Eu estando dentro de uma bolha que é o espaço proporcionado por um congresso europeu e que não se atreveriam a reprimir não me ajudaria a ter essa possibilidade de minimamente estabelecer uma discussão sobre tema? Eu não poderia aproveitar esse espaço para promover essas discussões que estão reprimidas por lá? Eu acredito que sim. Talvez meu São Jorge, que me rege, me ajude a domar o cavalo e enfrentar sempre as batalhas. E, digo de passagem, que trabalhar nessa área é uma batalha diária na defesa de existências e fazer valer essas existências. Esperamos sempre batalhas enormes quando no fundo as grandes batalhas são as pequenas de todos os dias que ajudam a criar rachaduras nas estruturas. Na verdade, a queda de governos autoritários começa nesses espaços com as trocas de ideias. Não há coisa mais insuportável para o autoritarismo que a troca de ideias, o diálogo entre pessoas. Uma das primeiras coisas que um governo autoritário realiza é impedir a reunião de pessoas. Por isso encarei a ida. Tomei de frente não apenas para estar presente, mas o que eu poderia apresentar lá. Ao total serão 4 conferências sendo duas delas em que abordarei o tema de interseccionalidade, principalmente gêneros e sexualidades em aulas de ciências, e direitos humanos como temas de pesquisa na formação de futuras pessoas professoras de ciências. Para mim, o dragão de São Jorge da Capadócia era claro.

Organizar a viagem com essa nuvem de medo sob a cabeça de uma pessoa LGBT+ não é simples. Enquanto meus amigos heterossexuais se preocupavam com as demandas normais de qualquer viagem internacional, eu tinha preocupações além: encontrar contatos de ajuda de direitos humanos na França (meu país de residência) caso aconteça algo; providenciar documentações para deixar meu marido e família protegidos caso aconteça algo comigo; conversar com amigos e amigas próximos, explicar a situação e deixá-los de sobreaviso; ler atentamente as exigências de entrada de um cidadão europeu na Turquia para não encontrem qualquer motivo que possa barrar minha entrada; seguro de vida e saúde adequados para evitar qualquer questionamento e implicações pelas autoridades; organizar o conjunto de resultados de exames principalmente os de ISTs recentes para evitar questionamentos infundados; o inferno da checagem obsessiva de tudo para não gerar garimpo de desculpas em uma situação de preconceito. Parece tudo um grande exagero para qualquer pessoa, um grande drama como escutei, mas nós pessoas LGBT+ é comum e já estamos acostumadas a sermos questionados o tempo todo. É uma tensão constante em uma entrevista de emprego para não sermos descartados, em uma reunião social para não sermos discriminados, ofendidos, humilhados ou termos de suportar em silêncio piadas homofóbicas, ou em uma conversa banal com alguém e não sermos interpretados como se estivéssemos paquerando a pessoa (sim, principalmente homens héteros sempre acham que qualquer aproximação é com intenção de paquera) e as respostas para essas situações, quando tentamos explicar que não somos motivo de chacota e que nossa existência deve ser respeitada invariavelmente são:: i) somos os loucos, os que estão vendo pelo em ovo; ii) que nos ofendemos com qualquer coisa; iii) que não entendemos brincadeiras, que levamos as coisas à sério demais e que tudo está politicamente correto demais, afinal não se pode nem mais fazer piadas para se divertir utilizando formas de nos rebaixamos e inferiorizar nossas existências. Já escutei certa vez que eu era muito mal humorado para um homem gay, que geralmente gays são bem humorados, engraçados e eu não era assim 0u seja, minha existência, para ser assimilada, estava condicionada a ser um “palhaço personalité” ou “bicha pet” de alguém. Isso não escapou aos preparativos para a viagem quando ouvi “é só se comportar discretamente” ou “não use os brincos chamativos que você gosta”. O que seria essa discrição? O fato é que nós vivemos tensos o tempo todo, sempre nos preparando para o pior que podem fazer contra nós. É um pouco de um complexo de São Jorge da Capadócia à espera de uma grande batalha constante. Vários gatilhos estavam armados…

Fui para Paris para pegar o voo para a Turquia. O voo de Paris para Istambul foi barulhento com crianças de férias correndo pelos corredores e transformando a cabine em um parque de diversões. Eu tentava me concentrar na leitura do livro “Neve” do escritor turco Pamuk (que comentarei em breve sobre) entre um choro, uma risada e uma carreira de uma criança no corredor fugindo da comissária de bordo. Ao meu lado, um casal de idosos franceses impacientes com o barulho e preocupados com o tempo de conexão que teriam em Istambul já que o voo havia decolado com mais de uma hora de atraso. Reclamavam entre si, reclamavam comigo, protestavam com as comissárias de bordo. Entre tudo isso vinha a narrativa de Pamuk sobre a personagem Ka que volta à Turquia, depois de anos vivendo na Alemanha, para fazer uma reportagem sobre a epidemia de suicídios de jovens mulheres em uma pequena cidade da Turquia profunda… Foi quando de um banco de uma fileira à frente da minha e oposta ao meu lado eu escutei algo em língua inglesa, um sotaque carregado que não consegui identificar rapidamente: “Você é italiano, não é?”, indagou a voz. Levantei os olhos do livro e dei de cara com um rapaz que estava virado na minha direção com um par de olhos verdes igual duas esmeraldas, uma barba densa e bem desenhada e um nariz protuberante. Continuou. “Eu vi quando você estava na fila o seu passaporte que era italiano na sua mão. Eu gosto muito do seu país, da comida, das pessoas”. Prosseguiu o rapaz puxando conversa que se estendeu para perguntas triviais entre nós dois: “Qual o seu nome?”; “Para onde está indo?”; “É a passeio ou trabalho?”; “Mora onde?”; “De onde você é?” e por aí foi a conversa que se estendeu por uns vinte minutos e que cruzou o serviço da cabine com um pouco de café (semi) turco. O rapaz não hesitou em falar da esposa, das filhas e até me mostrar fotos da família no celular. Até que do nada ele lança com as duas esmeraldas do seu rosto fixadas nos meus olhos “Gostei da sua tatuagem no braço. Eu observei enquanto você estava na fila. Você é muito bonito, sabia? Seus olhos são lindos”. Eu paralisei e engasguei com o pó do café (semi) turco. Ele pensou que eu não tinha entendido o inglês dele e repetiu tudo acrescentando: “Você vai parar em Istambul? Eu gosto de ter amigos íntimos… podemos ser amigos íntimos?”. Continuei paralisado e não sabia mais em qual língua eu estava pensando. Eu não sou inocente e muito menos santo como São Jorge. Minha paralisia e falta de fala não era porque eu não estava entendendo o que estava acontecendo. Era uma mistura de medo da violência, o que sempre passa nas nossas cabeças em primeira instância, e o prazer da situação. Eu já tinha sacado que aquela abordagem não era uma abordagem comum. No fundo, sempre ficamos confusos entre simpática e paquera. Eu acredito que seja um mecanismo de defesa psicológico que temos em que a desconfiança de um ato simpático conosco nunca seja puro, mas carregado de interesses de todos os tipos. Eu estava, em verdade assustado: estava em pleno ar rumo à Istambul, diante de mim um homem dizendo que eu era bonito e que queria uma “amizade intima”. As bobagens paranoicas já começaram a brotar na cabeça: seria uma armadilha do governo para capturar pessoas LGBT+ que estivessem chegando ao país? Ou era algum golpista que estava de alguma forma tentando captar algo de mim? O senso de desconfiança da gente das boas intenções apita muito rápido. Não temos, em verdade, uma auto estima suficiente para achar que “sim, estou sendo paquerado” e não na posição ao contrário que sempre nos é destinada: o de correr atrás do outro.

Ali diante de mim, na fração de segundos da questão por ele colocada e meu “google tradutor mental” decodificar a mensagem, muitas outras abas se abriram. O que seria esse amigo íntimo? Era mesmo o que eu estava entendendo? Não poderia ser uma má interpretação que eu estava fazendo ali? Seria fruto dos meus preconceitos de que não existe amizade, sem interesses sexuais, entre um homem gay e um homem heterossexual? Poderia ser, também, consequência da minha mente cansada? Ainda mais simples ser uma forma de tratamento normal entre os homens turcos e eu estar com minha mente em outra cultura sempre sexualizando tudo? Ou talvez aquilo poderia ser uma forma de violência que devido à diferença cultural eu não estava identificando?

Por fim, atrapalhado com tudo aquilo, eu fechei meu livro sem marcar a página que havia parado. Os olhos de esmeralda me fitavam quando o piloto anunciou que estávamos iniciando o procedimento de descida em Istambul. Das janelas da cabine invadia a luz alaranjada do pôr do sol típico da Turquia.

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Daniel Manzoni-de-Almeida é escritor e doutor em teoria literária. Université Bretagne Occidental, Brest, França. danielmanzoni@gmail.com

 

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