1 – Quem é Ana Elisa Ribeiro? Falar de mim da terceira pessoa ainda não é para mim, mas posso dizer que sou uma escritora à deriva. Escrevo e publico há muitos anos, mas sempre me sentindo sem o controle da embarcação. Não sei se tem controle para alguém, mas certamente há jornadas mais suaves.

2 – Quais são os cinco livros da sua vida? Vou eleger cinco livros aqui, já sabendo que cometo injustiças comigo mesma: Grande Sertão: veredas (Guimarães Rosa), sem dúvida o número um em termos de impacto de linguagem e narrativa, inesquecível; Estrela da vida inteira (antologia do Manuel Bandeira que conheci na adolescência e mudou meu trânsito com a poesia, apesar da escola); Dobra (que tem quase tudo da Adília Lopes, uma poeta que conheci por indicação de outro poeta e que me entusiasma muito); Morte e vida severina (João Cabral de Melo Neto e tudo dele, mas esse foi uma beleza); e Distraídos venceremos (e tudo do Paulo Leminski, que também mudou meu olhar para a poesia e suas possibilidades, em especial os usos menos caretas da língua).

3 – Qual livro da literatura brasileira ou mundial você gostaria de ter escrito? Livro… não costumo pensar nesses termos. Nunca cobicei a escrita de ninguém: eu queria a minha. Mas para mencionar o texto de alguém que admiro: a ironia fina e limpa da Adília Lopes me encanta. Sua capacidade de dizer algo terrível em linhas quase sonsas. 

4 – Qual livro você ainda quer escrever? Ainda quero escrever um livro de poemas, embora eu até tenha chegado a cogitar abandonar esse barco. E talvez eu tenha um romance a terminar, mas tem ruído demais me atrapalhando a continuar. Talvez eu nunca o termine.

5 – Porque você escreve? Escrevo porque gosto muito de escrever. Acho um exercício fantástico de articulação, de linguagem em ação, de mão na massa, de manejo (ir)responsável da língua, de intimidade, de poder menor ou maior; uma delícia de fazer, um prazer enorme, com ou sem encomenda. O resto, se vier, vem depois disso. Não fosse esse gosto, eu já teria motivos suficientes para ir fazer outra coisa.

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Foto: Eduardo Ribeiro

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