Buenos Aires e as exposições do centenário de Cortázar

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Por Fabiana Gitsio, de Buenos Aires *

Em Buenos Aires, todas as atenções deste “2014, ano Cortázar” se voltam para a exposição Los otros cielos, de hoje a 28 de setembro no Museu Nacional de Belas Artes (www.mnba.gob.ar). A mostra perpassa toda a vida do autor, por meio de seus arquivos pessoais: cartas, fotografias, filmes domésticos inéditos rodados em super-8, os móveis de sua casa de Saignon, no sul da França.

Disposta em 12 núcleos temáticos, a exposição que evoca um dos contos do livro Todos os fogos o fogo, de 1966, pode ser vista segundo a ordem que o visitante queira dar – o que certamente agradaria ao autor de Rayuela (O Jogo da Amarelinha, no Brasil), romance que completou 50 anos em 2013.

Contista, romancista, viajante, agitador político e cultural, um crítico de arte, um poeta. O curador Juan Becerra tentou reconstruiu essa figura cheia de matizes e que continua a seduzir as novas gerações. Para Becerra, Cortázar sempre se moveu como “um aventureiro, com muitas doses de Che Guevara e de Tintin.”

O Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) também inaugura hoje uma segunda mostra: Los Fotógrafos: Ventanas [janelas] a Julio Cortázar. É Cortázar retratado por artistas muito especiais, como o espanhol Antonio Gálvez e a argentina Sara Facio, uma espécie de Cortázar das lentes (para Sara, um Julio guapo até não mais poder)

As comemorações do centenário em Buenos Aires incluem ainda um congresso internacional, hoje e amanhã, na Biblioteca Nacional Lecturas y Relecturas de Julio Cortázar, com suas muitas paixões, do boxe ao jazz e cinema (www.bn.gov.ar)  e a mostra Rompe Cortázar, até 21 de setembro no Palais de Glace (www.palaisdeglace.gob.ar), com trabalhos de escritores e artistas plásticos a partir de oito contos do autor de Bestiário (1951) e Nós amamos tanto a Glenda (1980).

Cortázar em filme

E Histórias de Cronópios e de Famas, filme de animação homônimo do conto mais famoso de Cortázar, estreia na quinta-feira nos cinemas de Buenos Aires. Leva a assinatura do argentino Julio Ludueña. Também há grande expectativa pelo documentário Julio & Carol, do canadense Tobin Darlymple, em fase de conclusão. Conta a história de amor do escritor e sua segunda mulher, a ativista, escritora e fotógrafa norte-americana Caron Dunlop, com quem viveu em Paris. Muitos testemunhos e a velha Kombi que os dois costumavam viajar pela estrada Paris-Marseille, que deu origem ao livro que os dois escreveram a quatro mãos: Os Astronautas da Cosmopista, de 1982.

* Na foto – presente na mostra Los Otros Cielos – autor em Paris com sua gatinha Franelle. Autor desconhecido.

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