Semana da literatura une diversos eventos em São Paulo

carola

Da redação *

Nos próximos dias – entre 18 e 23 de novembro -, quatro eventos discutem e celebram a literatura nacional, na capital paulista, ao mesmo tempo, o ‘Encontros de Interrogação’, o ‘Conexões Itaú Cultural – Mapeamento da Literatura Brasileira no Exterior’, ambos realizados no Itaú Cultural, o ‘Simpoesia – Simpósio de Poesia Contemporânea’, que acontece na Casa das Rosas e a ‘Balada Literária’, em diversos locais, como livrarias, teatros, espaços culturais.

Conexões

‘Literatura Brasileira no Exterior: Mercado, Ensino e Mídia’ é o tema do Conexões, que discute a crescente internacionalização da literatura brasileira, em mesas como ‘A Tarefa do Tradutor’, que une François Weigel, Michael Kegler, Julia Tomasini e Felipe Lindoso.

É também destaque a mesa ‘Literatura Brasileira no Exterior’, que aborda o papel do pesquisador-tradutor, do jornalista e do agente literário, elos indispensáveis na determinação do êxito ou do insucesso do autor brasileiro no exterior, reunindo Carmen Villariño Pardo, Hilary Kaplan, Isabel Coutinho, Jordi Roca e Claudiney Ferreira, gerente do núcleo de Literatura e Audiovisual do Itaú Cultural.

O Conexões ainda terá uma mesa com autores como Beatriz Bracher, Cristovão Tezza e Luiz Ruffato, para discussões do tema sob o ponto de vista dos escritores.

Encontros de interrogações

Dedicado à troca de informação sobre a literatura brasileira contemporânea, o programa ‘Encontros de Interrogação’ completa dez anos de atividade – e ganha novo formato.

Em vez de reunir escritores em debates sobre temas preestabelecidos, como ocorreu nos anos anteriores, o evento abre espaço para que os autores, com base na produção literária nacional da última década, escolham suas próprias pautas e as exponham em falas individuais de 15 minutos. Um dos destaques é a oficina “Literatura em linha única?”, de João Anzanello Carrascoza.

Haverá ainda homenagem a Jomard Muniz de Britto, com discursos de Claudiney Ferreira; do poeta Frederico Barbosa, diretor da Casa das Rosas e idealizador do Simpoesia; e do escritor Marcelino Freire, criador da Balada Literária, num encontro que acontece na Casa das Rosas.

O ‘Interrogações’ deste ano ainda tem mesas com Andréa del Fuego, Ronaldo Correia de Brito, Alice Ruiz, Marçal Aquino, Antonio Cicero, Micheliny Verunschk, Raimundo Carrero e Cíntia Moscovich, entre outros.

Simpoesia

O evento na Casa das Rosas tem oficinas com o curador Manuel da Costa Pinto, que fala sobre o papel da crítica, e Eunice Arruda, que ministra curso de hai kai.

Há ainda simpósios, a exemplo do que reúne Gilson Rampazzo e José Eduardo Sena, com mediação de Frederico Barbosa. O tema é ‘Escrita criativa nas escolas’.

Balada literária

O projeto de Marcelino Freire, um dos mais aguardados do ano pela comunidade literária, homenageia Plínio Marcos e Carolina Maria de Jesus (foto). Traz Ademir Assunção, Ana Maria Gonçalves, Sérgio Vaz, Ricardo Ramos Filho, Evandro Affonso Ferreira, Paulo Lins, Suzana Amaral, Sydnei Rocha, entre outros nomes da literatura, música, cinema.

Um dos destaques é a homenagem ao poeta Donizete Galvão, morto este ano. O encerramento se dá com um show do dramaturgo Leo Lama, filho de Plínio Marcos (1935-1999), no dia 22, no Itaú Cultural. O artista será acompanhado pelo violonista Leo Nascimento e pela atriz/cantora Fernanda de Paula.

Conversamos com Claudiney Ferreira sobre os eventos da próxima semana. Leia trechos do nosso bate-papo a seguir:

Como surgiu a ideia da convergência de eventos? Quais são as curiosidades que vocês, organizadores, encontraram no caminho? A ideia de convergirmos algumas atividades das programações surgiu do fato que percebemos que os eventos – Balada Literária, Simpoesia, Encontros de Interrogação, Conexões Itaú Cultural e Encontros Poéticos – ocorreriam no mesmo período. E como já havíamos convidado o pessoal do Encontros de Interrogação e Conexões para assistir a um Sarau da Cooperifa, integramos essa atividade semanal do Sergio Vaz e sua turma na programação. A denominação Semana Literária de São Paulo não é nada oficial, é só um jeito de chamar o período.

A partir da constatação do “choque” de datas, no lugar de ficarmos no cada um por si, pensamos em algo mais republicano e afetivo. Nos reunimos e começamos a trocar figurinhas. Resultado? Bolamos a homenagem ao Jomard; o espetáculo-homenagem a Plínio Marcos, idealizados pelos filhos do mesmo para a Balada Literária vai ocorre no Itaú Cultural, convidamos o pessoal que vai participar do Encontros de Interrogação e Conexões Itaú Cultural a visitar o Sarau da Cooperifa ou, se preferir, um espetáculo com textos de Plínio Marcos que ocorre no Teatro Oficina, este último pertencente à programação da Balada.

No seu entender, como está a literatura nacional contemporânea? Como não sou crítico literário, apenas leitor, não vou fazer comentários críticos sobre este ou aquele escritor ou livro. O que percebo é que nos últimos 15 anos, mais ou menos, a literatura brasileira vem com uma boa produção, com vários escritores conseguindo construir uma obra significativa. E isso em várias vertentes, na narrativa, nas experimentações, na literatura digital, em gêneros diversos, como policial, ficção científica, na sempre importante literatura infantil. E muitos desses trabalhos não ocorrem apenas nas médias e grandes editoras. O papel da pequena editora brasileira tem sido fundamental na produção de livros apurados graficamente e no mapeamento de jovens e bons ficcionistas e poetas. Junto coma produção, outro fator importante para o momento é a existência de alguns grandes prêmios literários e de muito eventos literários por todo o Brasil.

E a literatura brasileira no exterior, quais são as boas novas do momento? Qual a importância de antologias como a que será lançada na França pela Revista Pessoa, na ocasião do Salon du Livre de Paris (2015), quando o Brasil será o convidado de honra e país homenageado? A literatura brasileira não ocupa no cenário internacional o espaço que ocupam as literaturas americana, francesa, russa, italiana e algumas outras. Não há comparação. Mas o interesse pela produção dos ficcionistas, poetas e ensaístas brasileiros cresceu nos últimos dez anos. Algumas causas desse crescimento: um aparecimento maior do país no noticiário econômico e político internacionais a partir da posse do presidente Lula; Copa do Mundo e Olimpíadas; esse interesse da imprensa gerou interesse das mais importantes feiras de livros do mundo em adotar o Brasil como país homenageado, interesse maior de estudantes de várias áreas em aprender o português-brasileiro, entre outras causas. No campo específico da literatura, além das feiras de livros mundo afora, indico a política de traduções da Biblioteca Nacional e o interesse de pequenas editoras americanas e europeias pela literatura do Brasil.

Esse acompanhamento dos movimentos da literatura brasileira no exterior o leitor pode ter no blog do Conexões Itaú Cultural. Além do Noticiário, há depoimentos de escritores e professores que atuam em universidades estrangeiras com literatura brasileira e o importante e único Banco de Dados Online, o leitor encontra o único mapeamento de professores, pesquisadores, editores e tradutores de literatura brasileira em todos os continentes.

Durante o encontro deste ano do Conexões Itaú Cultural, de 19 a 22 de novembro, os interessados podem acompanhar debates com vários dos mapeados. Este ano o tema é Conexões: Literatura Brasileira no Exterior: Mercado, Ensino e Mídia. Vamos também lançar um livro, A primeira aula, com ensaios de professores de literatura brasileira na Europa e nos EUA onde eles refletem sobre suas experiências no ensino de literatura brasileiras no exterior.

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Serviço:

www.conexoesitaucultural.org.br

www.baladaliteraria.com.br

www.casadasrosas.org.br

 

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