* Da redação *

Só os diamantes são eternos, de Tailor Diniz, romance lançado recentemente pela editora Folhas de Relva, já está em fase de adaptação para o cinema. Os direitos foram cedidos à produtora Filmes de Junho, e será dirigido por  Luiz Alberto Cassol, com roteiro do próprio autor e do diretor.

Décimo-sétimo livro de Tailor Diniz, Só os diamantes são eternos é uma história contada em três tempos, que se passa também em três distintos cenários brasileiros, Rio de Janeiro, Porto Alegre e uma pequena cidade do interior gaúcho, próxima à fronteira do Brasil com o Uruguai e a Argentina. Os três tempos ficcionais, assim como os destinos dos personagens, vão se encontrar no final, em uma narrativa que se equilibra entre o suspense e o romance de formação.

O livro se inicia com o reencontro, no Rio de Janeiro, de dois ex-agentes da repressão, depois de trinta anos sem terem notícia um do outro. O reencontro se dá por iniciativa do ex-chefe, que vai encomendar um serviço de urgência ao seu antigo subordinado. Este, porém, está aposentado e, vivendo reincidentes crises de consciência, quer apagar o passado a qualquer custo. Paralelamente a essa história, segue a outra. A de um garoto cujo pai desapareceu, não se sabe exatamente em que circunstância, que em companhia da mãe empreende uma comovente busca pelo desaparecido, no interior do Rio Grande do Sul. Uma terceira voz faz uma espécie de costura, a aproximar o andamento dos dois enredos.

Diniz faz questão de ressaltar, no entanto, que não se trata de um livro sobre a ditadura militar pós-64.

— O que existe ao longo da narrativa são sugestões. A ditadura, tanto em uma história como na outra, é apenas uma sombra, um pano de fundo a situar o leitor no tempo histórico da trama. O personagem principal, por exemplo, embora não revele diretamente, tem certeza sobre o que aconteceu com seu pai. Mas é uma certeza pessoal, íntima, não explicitada. E isso permite ao leitor interpretar, por conta própria, se aquilo em que o personagem acredita é ou não a verdade.

O diretor Luiz Alberto Cassol, que atualmente está com a série Crítica em exibição no canal Prime Box Brasil, diz que desde as primeiras páginas do livro começou a visualizar as cenas.

— Quando terminei a leitura, tive a certeza de que tínhamos um filme a ser produzido. Todo o enredo, o período em que se passa e os personagens nos remetem a uma profunda e necessária reflexão.

Este não é o primeiro trabalho que aproxima Diniz e Cassol. Trabalharam na série Chuteira Preta (direção de Paulo Nascimento), atualmente disponível em sistema de streaming na Amazon Prime — Cassol como codiretor, Diniz como corroteirista.

Ambos sabem que no momento atual, com a paralisação da Ancine e do Fundo Setorial de Apoio à Cultura, ficou ainda mais difícil fazer um filme no Brasil.

— Mas Só os diamantes são eternos já tem uma produtora e profissionais da área envolvidos na sua adaptação, o que não é pouco — afirma Diniz.

Sobre a relação de obras literárias com o cinema, o escritor entende que, em primeiro lugar, para ser adaptado um livro precisa, na sua natureza, dialogar com a linguagem do audiovisual. Depois, estar no lugar certo, na hora certa.

– E o lugar certo é a mão de um diretor, de um produtor, de um roteirista.

Só os diamantes são eternos é o seu segundo livro a ser adaptado para o formato de longa metragem. O primeiro foi A superfície da sombra (Grua Livros), em 2017, dirigido por Paulo Nascimento, que esteve em cartaz nas principais capitais brasileiras, no Uruguai e na Colômbia, além de temporada (2017/2018) na grade de programação do Paramount Channel. Antes disso, Diniz teve curtas metragens adaptados de contos seus, entre eles, Terra Prometida (Guilherme Castro), que ganhou o prêmio de Melhor Filme nos Festivais de Cinema de Gramado e de Brasília.

a s sombra confesion

Compre o livro no site da editora: www.editorafolhasderelva.com.br

Assista ao filme A superfície da sombra:

https://www.mowies.com/my-mowies/accordefilmes/a-superficie-da-sombra-versao-com-audiodescricao-libras-e-lse/eHy7tHXI1

Terra prometida:

https://www.youtube.com/watch?v=S_SI7OBfaiQ&feature=emb_logo&fbclid=IwAR2-UyoXTnt5-X4Rpbg4cnXnu5a_CrVChpQQAlgsh8Gx9zXc1IEKp5f9AXM

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Fotos do filme A superfície da sombra, o cantor é o ator uruguaio Cesar Troncoso. 

 

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